Os recentes casos de atentados em escolas reascenderam o debate quanto à vulnerabilidade dos ambientes escolares e ao enfretamento deste tipo de violência. Talvez, após reiterados atentados semelhantes ao longo dos últimos anos, esteja se pautando verdadeiramente por medidas que previnam e impeçam tais ações, assim como as medidas possíveis, em situações de urgência, que possam evitar tragédias ainda maiores.
É um cenário de angustia e inquietação. Dos pais, em alerta, ao encaminhar seus filhos para as escolas. Dos jovens estudantes, com receio por suas vidas. Dos Diretores, Professores e demais profissionais das escolas, por vezes se sentindo impotentes. Da sociedade, como um todo, tendo que enfrentar uma “doença” difícil de ser identificada previamente.
De imediato, é preciso agir. Em paralelo, é preciso refletir.
No título, a pergunta generaliza quem deve agir. E é proposital, uma vez que a responsabilidade não deve ser concentrada e individualizada; as ações precisam ser de todos. Evidentemente, cabe ao Poder Público um papel protagonista, mas as famílias são fundamentais nesta história. Se, aos governos, tem-se a incumbência de ações imediatas quanto à segurança pública, aos pais recaem o dever de tutela sobre seus filhos.
É difícil propor algo, como se fosse óbvia a solução. Afinal, existe um efeito ricochete das ações tomadas. Vou citar alguns exemplos que vi noticiados, divulgados em redes sociais ou mesmo sugeridos. 1) Uma parceria direta com a Polícia Militar, num trabalho de ronda pelas escolas e de conscientização; 2) Criação da Guarda Municipal, no caso das cidades que não possuam esta instituição, e dar a ela a tarefa de supervisão nas escolas; 3) Instalação de equipamentos de segurança (câmeras, alarmes, detectores, etc); 4) Aos familiares, vistoriar e supervisionar ativamente as redes sociais dos seus filhos, bem como os acessos aos sites. De imediato, aparentemente, parecem ser as melhores e mais plausíveis ações. Mas, como eu disse antes, em paralelo às ações imediatas, é preciso refletir. Refletir sobre as origens, os gatilhos por trás de quem comete tais crimes; será que a ‘militarização’ do ambiente escolar ou a quebra brusca da privacidade não podem surtir efeito contrário na cabeça dos jovens? Será, então, que o conteúdo digital que estes jovens consomem (jogos envolvendo violência, por exemplo) são a causa para agirem desta forma? Ou ainda será o ambiente real em que estão inseridos, de polarização política e extremismo, que os faz agir de modo tão irracional?
Por isso, é fundamental que especialistas da área da educação, da segurança pública e até da saúde, com o auxílio da sociedade, busquem as alternativas corretas; as políticas públicas necessárias para extirpar esta “doença”, que podemos chamar de atípica ainda no Brasil, mas que é endêmica, por exemplo, no EUA. Para se ter uma noção, entre janeiro e março deste ano, foram registrados mais de 130 ataques compreendidos como “tiroteio em massa”. Em escolas, desde 1999, no conhecido ataque em Columbine, foram 377 casos. Ano passado, foram 47. Lá, foi feito um investimento alto em equipamentos e policiamento, e, infelizmente, não é possível evidenciar a diminuição dos casos.
Aos “especialistas de plantão”, portanto, fica o recado de que não é algo tão simples, como bravejam por ai. Enquanto não for criado um grupo sério, em âmbito nacional, capaz de propor ações devidas para agir de imediato e também para preventivamente, que entenda e coíba as origens destes casos, não vejo solução eficaz e duradoura.
POR: LUCAS FILIPE TOLEDO |
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