Até o dia 8 de março, vamos descrever 10 mulheres que vem apresentando resultados na gestão dos negócios. Suzana Santos Passos é a quarta liderança em destaque
“Aprendi com meu pai a cuidar do meio ambiente, aprendi com exemplos, papai fez do entorno da nascente da propriedade um bosque de frutas e plantas nativas. É um local agradável, que ele tem orgulho de mostrar a quem visita nossas lavouras. Cuidar da água e cuidar da vida. Plantar é a minha vocação. Tenho uma intimidade com a terra”.
Assim começa nossa conversa com a cafeicultora Suzana Santos Passos, mãe e técnica de segurança do trabalho que vem se dedicando a fazer cafés especiais em Muzambinho. “É um aprendizado diário, todos os dias acordo, agradeço e coloco a mão no arado, ou seja, começo a trabalhar com a certeza que o resultado vai chegar. Não há milagre maior que ver os frutos dos nossos esforços sendo servido nas mesas. Café é alimento e a produção tem que ser cuidadosa”, disse.
“Sou casada com um profissional que se dedicou a ensinar outros produtores técnicas de manejo e se eu não colocar em pratica nas nossas lavouras esse conhecimento estou desperdiçando conhecimento. Fizemos as armadilhas com as garrafas pet, foi desafiador, mas funcionou, uma estratégia divulgada pela Emater, barata e ecológica, correta do ponto de vista da sustentabilidade, mas exigiu o engajamento da família toda”, destacou.
“A marca Maturasso, mostra isso, um processo que cresce, arrasta e valoriza nossos melhores grão. Eu acredito na força feminina que junta e agrega. Com a Associação dos Cafeicultores do Sudoeste tem sido assim, a cada passo agregamos, juntamos e melhoramos para todos os envolvidos. Não é fácil andar com a documentação em dia, ser certificado, ter cuidado com o ambiente. As pessoas envolvidas e ainda ser sustentável financeiramente. É um exercício diário do nosso labor. Amo o café, amo o que faço, em cada grão tem afeto, suor e amor. Quando percorro as lavouras vejo esse amor que me foi ensinado. A minha mãe, o meu pai e os meus irmãos assim como meus avós e tios estão presentes nas lavouras, nos processos de secagem, nos terreiros. E o mais marcante, quando recebemos os parentes que moram fora, onde nos encontramos na mesa para o café. É um ponto em comum de todos, mesmo os que não estão envolvidos na produção. Servir uma xícara de café é algo que aproxima, aquece. É maternal, é feminino tomar um café, por isso quando queremos fechar um negócio sempre chamamos para um cafezinho”, ensina a cafeicultora.
“Evoluímos muito como cafeicultores, mas é preciso ter no centro das ações os afetos e os cuidados, pois esse é diferencial. As marcas próprias cresceram muito, surgem como uma oportunidade de agregar valores, mas além do profissionalismo é nossa história que conquista o cliente”, fala com propriedade a cafeicultora.
Quando a cafeicultura se refere a crescer junto, aponta para caminhos que as mulheres do café estão descobrindo. A cada ano cresce a participação feminina em concurso, ações e feiras. Um avanço para o setor. Em Muzambinho, a realização da primeira Feira de Cafés Especiais foi um marco na divulgação da produção local. “Fomos para a avenida, colocamos os cafés para que nossa gente conheça o que produzimos, mostramos como as marcas próprias do município estão ligadas ao trabalho empreendedor das mulheres, foi um momento histórico, é sobre juntar essa força que estou me referindo”, disse.
“Dentro da Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas, existe as Flores do Café, onde promovemos encontros com as famílias cafeicultoras, mas o tema central é sempre do universo das mulheres, precisamos deste espaço onde nossas peculiaridades como mulheres precisam ser faladas, debatidas para nos fortalecermos. O problema que eu tenho na minha propriedade é o mesmo que outras enfrentam e quando dividimos nossas experiências crescemos”, revelou Suzana.
“A certificação é um processo, na nossa propriedade já faz parte da nossa rotina. É preciso ter consciência que o mercado consumidor mudou, está mais exigente e precisamos ficar atentos para não perder um espaço comercial conquistado ao longo de muitos anos. Com a pandemia, as preocupações com a segurança alimentar se solidificou no mundo e o café que fazemos no Brasil atende as exigências dos compradores externos, mas não adianta falar, é preciso comprovar que se cumpre. Pode parecer um pouco burocrático, cansativo, mas é necessário fazer. O mais difícil já realizamos que são os cuidados nas lavouras, então provar que se produz café de forma sustentável é a parte mais leve, talvez um pouco cansativa, mas não tem como não fazer”, pontuou.
Por fim, Suzana, encerra nos servindo um drip coffe e ensina “a dose diária de café de qualidade que você coloca na bolsa e leva para onde for”. O dripp conhecido como café de bolso, é um pequeno sachê com hastes flexíveis que se prendem nas laterais da xícara, criando um coador muito prático. E em seguida com água quente (aqui em torno de 100 a 120 ml é possível coar na própria caneca o seu café, ali mesmo na mesa, uma experiência que reúne aroma, calor, afetos e paladar, só coando e tomando seu cafezinho Maturasso para saber”, finaliza Suzana.
(COLABOROU: VALÉRIA VILELA)