SOBRE O PROBLEMA DO LIXO

Share on facebook
Facebook
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on email
Email
Share on print
IMPRIMIR
Share on facebook
Share on whatsapp
Share on email
Share on print

Não sei a origem da frase infeliz de que o lixo não seria problema; seria solução. Solução para quem, cara pálida?. O lixo é problema para todos nós que habitamos este planeta tão ameaçado.
O que nos compete a todos é buscarmos formas de melhor processá-lo, pois a cada vez ele é produzido em maior escala.
Não entendo as razões que levaram as administrações que se sucederam à minha de abolirem a coleta seletiva de lixo, que funcionava tão bem.
Quando devidamente orientado, o povo participa com entusiasmo de iniciativas desta natureza. Já encontrei famílias que chegavam a lavar as caixinhas de leite, ou de suco para oferecerem o material, devidamente limpo, para a reciclagem. Com este produto, é possível a produção de telhas, tapumes e casinhas de cachorro.
A mera separação do lixo seco do úmido iria gerar a redução de sacolas plásticas porque o lixo seco não precisa ser embalado. São materiais como o papelão, o papel, o vidro, o alumínio, que poderiam ficar perfeitamente acomodados a céu aberto, o que facilitaria grandemente a tarefa dos catadores de material para a reciclagem. De sobra, para o nosso gáudio, não teriam que perfurar os sacos de lixo, à procura daquilo que lhes interessa.
Vi com bons olhos a iniciativa do Vereador Baiano, que propôs e foi aprovada a lei que impede o comércio de embalarem os produtos com sacolas plásticas nas segundas-feiras. São providências desta natureza é que serão o embrião de um melhor entendimento de que compete a cada um de nós a conquista de um planeta mais limpo.
O plástico é, de fato, o grande vilão da poluição ambiental pela demora na sua deterioração na natureza, com prejuízos significativos para os lençóis freáticos. Conheço famílias que têm o bom hábito de levar sacolas pessoais no supermercado, dispensando a embalagem dos produtos no plástico.
Quando iniciei a minha primeira administração de prefeito, em 1983, não havia ainda o costume de se embalar o lixo em sacolas plásticas. As famílias colocavam o seu lixo doméstico em latas de óleo de vinte litros, ou outras, e o caminhão da prefeitura ia recolhendo nos caminhões os resíduos das latas, devolvendo os recipientes aos respectivos moradores. Talvez, o procedimento não fosse muito higiênico, mas tinha a vantagem de não se descartar na natureza o principal elemento poluidor.
Uma outra vantagem do sistema, se assim se pode conceber, é que sitiantes sempre requisitavam os produtos das coletas para adubação da terra. Era uma espécie de compostagem natural, embora sem os cuidados técnicos necessários, o que é discutível.
Entendo a dificuldade que a prefeitura está tendo em adquirir área para o aterro controlado ou sanitário. Os produtores rurais não querem mais saber do lixo nas imediações de suas propriedades, em razão do plástico. As reses, muitas vezes, atravessam cercas e vão se alimentar do lixo e acabam ingerindo o plástico, impossível de ser digerido, levando, no mais das vezes, à morte do animal.
Na condição de cidadão que viveu na pele este drama do lixo, quero apresentar à administração pública uma sugestão. Quando Prefeito, Sebastião del Gáudio entrou com processo desapropriatório contra a FEPASA e tomou posse das estações de trem da companhia. A finalização do processo expropriatório deu-se no meu período administrativo, já em 1983, que se incumbiu de indenizar a empresa pelo valor de avaliação. A sentença final foi exarada pelo Juiz de Direito da época, dr. Evandro de Faria. As estações da Palméia e do Moçambo viraram escolas públicas. E Estação central tornou-se na Cooperativa de Cafeicultores. No terreno da estação do Mont’ Alverne, cuja construção estava em escombros, o prefeito José Ubaldo utilizou-o para um aterro do lixo da cidade.
Quero alertar, pois, a atual administração de que o Município dispõe de uma área de cerca de um alqueire, onde estava assentada a estação de Santa Isméria. Assim como o prefeito José Ubaldo o fez no Mont’Alverne, a Prefeitura poderia utilizar este terreno para construir um aterro controlado ou sanitário. Não sei se a localização atenderia aos requisitos exigidos pela órgão ambiental. De qualquer forma, valeria a pena um estudo a respeito.
Na eventualidade de a área não se mostrar adequada para aquilo que é proposto, poder-se-ia pensar em uma outra destinação, como, por exemplo, um novo distrito industrial. De toda maneira, a administração não pode deixar de usufruir deste patrimônio importante, que foi conquistado com o dinheiro do contribuinte.

(Nilson Bortoloti (Professor aposentado,
ex-prefeito e ex-vereador em Muzambinho)

Notícias Recentes