Não sei a origem da frase infeliz de que o lixo não seria problema; seria solução. Solução para quem, cara pálida?. O lixo é problema para todos nós que habitamos este planeta tão ameaçado.
O que nos compete a todos é buscarmos formas de melhor processá-lo, pois a cada vez ele é produzido em maior escala.
Não entendo as razões que levaram as administrações que se sucederam à minha de abolirem a coleta seletiva de lixo, que funcionava tão bem.
Quando devidamente orientado, o povo participa com entusiasmo de iniciativas desta natureza. Já encontrei famílias que chegavam a lavar as caixinhas de leite, ou de suco para oferecerem o material, devidamente limpo, para a reciclagem. Com este produto, é possível a produção de telhas, tapumes e casinhas de cachorro.
A mera separação do lixo seco do úmido iria gerar a redução de sacolas plásticas porque o lixo seco não precisa ser embalado. São materiais como o papelão, o papel, o vidro, o alumínio, que poderiam ficar perfeitamente acomodados a céu aberto, o que facilitaria grandemente a tarefa dos catadores de material para a reciclagem. De sobra, para o nosso gáudio, não teriam que perfurar os sacos de lixo, à procura daquilo que lhes interessa.
Vi com bons olhos a iniciativa do Vereador Baiano, que propôs e foi aprovada a lei que impede o comércio de embalarem os produtos com sacolas plásticas nas segundas-feiras. São providências desta natureza é que serão o embrião de um melhor entendimento de que compete a cada um de nós a conquista de um planeta mais limpo.
O plástico é, de fato, o grande vilão da poluição ambiental pela demora na sua deterioração na natureza, com prejuízos significativos para os lençóis freáticos. Conheço famílias que têm o bom hábito de levar sacolas pessoais no supermercado, dispensando a embalagem dos produtos no plástico.
Quando iniciei a minha primeira administração de prefeito, em 1983, não havia ainda o costume de se embalar o lixo em sacolas plásticas. As famílias colocavam o seu lixo doméstico em latas de óleo de vinte litros, ou outras, e o caminhão da prefeitura ia recolhendo nos caminhões os resíduos das latas, devolvendo os recipientes aos respectivos moradores. Talvez, o procedimento não fosse muito higiênico, mas tinha a vantagem de não se descartar na natureza o principal elemento poluidor.
Uma outra vantagem do sistema, se assim se pode conceber, é que sitiantes sempre requisitavam os produtos das coletas para adubação da terra. Era uma espécie de compostagem natural, embora sem os cuidados técnicos necessários, o que é discutível.
Entendo a dificuldade que a prefeitura está tendo em adquirir área para o aterro controlado ou sanitário. Os produtores rurais não querem mais saber do lixo nas imediações de suas propriedades, em razão do plástico. As reses, muitas vezes, atravessam cercas e vão se alimentar do lixo e acabam ingerindo o plástico, impossível de ser digerido, levando, no mais das vezes, à morte do animal.
Na condição de cidadão que viveu na pele este drama do lixo, quero apresentar à administração pública uma sugestão. Quando Prefeito, Sebastião del Gáudio entrou com processo desapropriatório contra a FEPASA e tomou posse das estações de trem da companhia. A finalização do processo expropriatório deu-se no meu período administrativo, já em 1983, que se incumbiu de indenizar a empresa pelo valor de avaliação. A sentença final foi exarada pelo Juiz de Direito da época, dr. Evandro de Faria. As estações da Palméia e do Moçambo viraram escolas públicas. E Estação central tornou-se na Cooperativa de Cafeicultores. No terreno da estação do Mont’ Alverne, cuja construção estava em escombros, o prefeito José Ubaldo utilizou-o para um aterro do lixo da cidade.
Quero alertar, pois, a atual administração de que o Município dispõe de uma área de cerca de um alqueire, onde estava assentada a estação de Santa Isméria. Assim como o prefeito José Ubaldo o fez no Mont’Alverne, a Prefeitura poderia utilizar este terreno para construir um aterro controlado ou sanitário. Não sei se a localização atenderia aos requisitos exigidos pela órgão ambiental. De qualquer forma, valeria a pena um estudo a respeito.
Na eventualidade de a área não se mostrar adequada para aquilo que é proposto, poder-se-ia pensar em uma outra destinação, como, por exemplo, um novo distrito industrial. De toda maneira, a administração não pode deixar de usufruir deste patrimônio importante, que foi conquistado com o dinheiro do contribuinte.
(Nilson Bortoloti (Professor aposentado,
ex-prefeito e ex-vereador em Muzambinho)