Produtores investem em qualidade e manejo consciente; região mineira quer mostrar ao mundo o sabor e a origem de seus cafés.No Sul de Minas, o município de Cabo Verde se firma como uma das referências em cafés especiais doBrasil.
Conhecido por integrar a Região dos Cafés Vulcânicos, o território vem ganhando destaque por unir tradição, inovação e sustentabilidade na produção. Às vésperas da Semana Internacional do Café (SIC 2025), em Belo Horizonte, os produtores locais se preparam para levar ao evento o melhor do café caboverdense — fruto de um solo único e de um trabalho feito com paixão.
O SABOR QUE NASCE DA TERRA VULCÂNICA – Entre as montanhas de Cabo Verde, o cafeicultor Marcos Carvalho é um dos nomes que simbolizam essa nova geração de produtores que aliam conhecimento técnico e respeito à natureza. Ele cultiva cafés especiais em áreas de solo vulcânico — rico em minerais e matéria orgânica — e aposta em práticas sustentáveis para garantir qualidade e equilíbrio ambiental. “Aqui, o solo e o clima fazem a diferença, mas o segredo está no cuidado com a terra. A gente trabalha com responsabilidade, respeitando o meio ambiente e valorizando cada etapa da produção. O café dos vulcânicos carrega uma identidade única: é resultado da natureza e do trabalho consciente das famílias rurais”, destaca Marcos.
O produtor explica que o uso de adubos orgânicos, a preservação das nascentes e o manejo sustentável são prioridades. “Quando cuidamos da terra, ela retribui. E o resultado está na xícara: cafés com doçura natural, aroma intenso e notas que encantam quem prova”, completa.
CAFÉ – MOTOR DA ECONOMIA DE CABO VERDE – A cafeicultura é o motor da economia de Cabo Verde, movimentando cooperativas, comércio e serviços. Segundo o Secretário Municipal de Agricultura, Ronei Leite, a cidade vive um momento de valorização do produtor rural e fortalecimento da agricultura sustentável.
“O café é o coração da nossa economia. Temos produtores comprometidos com a qualidade e o meio ambiente e estamos investindo em capacitação e inovação. A SIC 2025 será uma grande vitrine para mostrar o valor do nosso trabalho e abrir novos mercados para os cafés vulcânicos”, afirma Ronei.
O extensionista da Emater-MG, Lorenzo de Amorim Saraiva, reforça que o sucesso de Cabo Verde vem da união entre técnica e tradição.
“O produtor de Cabo Verde tem uma ligação profunda com a terra. A Emater tem trabalhado lado a lado com eles, orientando sobre boas práticas e sustentabilidade. Isso tem elevado o padrão de qualidade e consolidado a região no mapa dos cafés especiais do Brasil”, explica o técnico.
SIC 2025: UMA VITRINE PARA O CAFÉ DE ORIGEM – Com o olhar voltado para a Semana Internacional do Café, os produtores caboverdenses querem aproveitar o evento para fortalecer a marca Cafés Vulcânicos e ampliar conexões com compradores nacionais e internacionais.
“A SIC é o momento de mostrar quem somos e o que fazemos. O nosso café tem história, tem origem e tem respeito pela natureza. Queremos que o mundo conheça o sabor dos
Cafés Vulcânicos e o trabalho das famílias que vivem dessa terra”, afirma Marcos Carvalho.
CAFÉ COM PROPÓSITO – Mais do que um produto, o café em Cabo Verde representa uma forma de vida. Cada safra reflete o compromisso com o meio ambiente e com o desenvolvimento sustentável do campo.
“A sustentabilidade não é só uma palavra bonita, é uma atitude diária. É plantar árvores, cuidar das nascentes e dar condições para que o produtor e sua família possam viver bem do café”, conclui Marcos.
TALENTO CABOVERDENSE BRILHA NO MUN- DO DO CAFÉ – Além dos cafés de excelência, Cabo Verde também se destaca pela nova geração de profissionais que estão elevando o nome do município no cenário da cafeicultura brasileira e internacional.
Um dos maiores exemplos é o provador e mestre de torra Bruno Megda, que vem se consolidando como referência no universo dos cafés especiais. Bruno foi o campeão brasileiro de Cup Tasters 2024, competição que avalia a precisão e a sensibilidade dos provadores de café. O torneio é organizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a ApexBrasil, e reúne os melhores degustadores do país.
Com a vitória, Bruno representará o Brasil no Campeonato Mundial de Cup Tasters em 2025, levando o nome de Cabo Verde para o circuito internacional do café.
TORRA – O município também brilha na arte da torra, com destaque para Ivan Santana, vencedor da competição de Torrefação do Ano da Atilla Torradores em 2023 e duas vezes finalista do Campeonato Brasileiro de Blends de Café, mostrando domínio técnico e sensibilidade apurada na criação e avaliação de perfis sensoriais.
“O café é um mundo de sabores e histórias. Representar Cabo Verde e o Brasil lá fora é uma honra enorme. Tudo o que aprendi vem do contato com os produtores da nossa região, que fazem cafés incríveis”, afirma Bruno.
Com profissionais como Bruno e Ivan, Cabo Verde reafirma sua vocação para o café — não apenas pela qualidade do grão, mas também pela formação de talentos que entendem, sentem e vivem o café em todas as suas dimensões.
(COLABOROU: VALERIA VILELA)