O ano encerra com uma dúvida para os cafeicultores: será que vai subir o preço da saca para 2024?
O ano que se encerra deixou um rastro de incertezas para o cafeicultor. Insumos acima da média, os compradores internacionais mudaram de perfil e os estoques passaram a ficar mais estreitos. A produção cada vez mais dependente dos fatores climáticos tem sofrido as consequências de estiagem que se prolongaram acima do esperado.
Mas e o mercado, o que esperar? Em 2023 tivemos uma Semana Internacional do Café com um público que superou os 30 mil visitantes, um recorde, mas e os negócios como estão, com uma produção que a cada ano avança e uma oferta crescente de um produto que não é essencial na cadeia alimentar, os especialista arriscam dizer que a competição vai ficar cada vez mais acirrada, mesmo com os concorrentes internacionais (Vietnã e Colômbia) atravessando problemas nas suas produções.
Por aqui o empreendedorismo no setor da cafeicultura nunca esteve tão em alta. E a presença feminina veio pra ficar, mostrando que as marcas próprias são uma tendência, mas também uma opção de mercado para quem está disposto a desbravar este nicho. As regiões geográficas alargam as competições e surgiram cafés de locais que praticamente eram desconhecidos como o campeão mineiro que mostrou o potencial de Sabará, que chamou a atenção no concurso da Emater e ficou com o lugar mais alto do pódio.
Também se solidificou o mercado dos cafés com o selo Fair Trade, em que Nova Resende vem fazendo bonito e se destacando no país com os cafés sustentáveis com selo justo com produção sustentável para o meio ambiente, além da valorizar a economia e as pessoas envolvidas no processo de produção.
E não vai ser fácil responder a pergunta. Se preço da saca vai subir, mas com certeza o clima passou a ser o maior desafio de ter uma empresa a céu aberto. E se continuar com o previsto sem nenhuma intempérie, teremos em 2024 uma safra positiva e com boa oferta, isso já está nas planilhas dos compradores internacionais e vem sendo um dos motivos pelos quais o preço da saca encontrou uma estabilidade nos últimos meses de 2023.
DICA – Então para a próxima safra, a dica é cuidar bem da ponta do lápis, fazer as contas com rigor, gerenciar com austeridade os investimentos e na hora de armazenar a produção buscar empresas com credibilidade e exigir nota fiscal. Afinal 2023 foi marcado por grandes calotes na região por armazéns que comercializaram sem a autorização dos cafeicultores as sacas armazenadas e por fim não pagaram os produtores e que fecharam o ano contando os prejuízos. Então mais importante que saber se o café vai subir é saber onde a família está deixando a sua riqueza armazenada e se está com uma nota fiscal nas mãos. Cafeicultor que vende sem nota não tem prova que é dono da safra e ajuda um mercado ilegal de café.
VALERIA VILELA
jornalista especializada em mercado de café