A jovem Laís Cristina do Carmo Leite, de 19 anos, natural de Cabo Verde, no Sul de Minas, conquistou um título de destaque internacional: foi eleita Girl Coffee International 2026, premiação que reconhece mulheres que se destacam na cafeicultura mundial. O reconhecimento celebra não apenas o talento da produtora, mas também a força da nova geração de mulheres que vêm transformando o campo com inovação, técnica e propósito.
Criada em uma família com longa tradição na produção de café, Laís sempre teve o grão como parte da sua história. Filha do técnico em cafeicultura Juarez Leite e da empresária Sirlene do Carmo Leite, irmã do engenheiro agrônomo Juarez Guilherme, ela comanda ao lado da família a Carmella Cafés Especiais, marca que vem ganhando visibilidade nacional e internacional.
A trajetória de Laís é marcada pela busca por conhecimento. Após participar de cursos do Sistema Faemg Senar e, mais recentemente, do programa Agro.BR — iniciativa da CNA e da Apex-Brasil voltada à exportação —, a jovem transformou a produção familiar e ampliou o alcance da marca por meio do marketing digital.“Estamos caminhando para exportar. Faz pouco tempo que entramos no programa, mas já conquistamos vários contatos e oportunidades. É um passo importante para a Carmella Cafés e para a nossa família”, destacou Laís.
Do campo à rede: uma nova visão sobre o café
Antes de se tornar referência na cafeicultura, Laís acreditava que seguir os passos da família não seria seu caminho. Mas tudo mudou quando ela participou de um curso de classificação e degustação de cafés, promovido pelo Senar. “Eu nasci debaixo do pé de café, mas dizia que não queria ter a vida sofrida que meus pais e avós tiveram. No curso, descobri o universo dos cafés especiais e percebi que o potencial estava dentro da nossa própria fazenda”, contou.
Com coragem e determinação, ainda aos 15 anos, Laís propôs mudanças na forma tradicional de cultivo e pós-colheita. O resultado veio rápido: melhoria na qualidade dos grãos, reconhecimento do mercado e uma marca familiar que hoje inspira outros produtores.
Orgulho que vem de casa
Os pais de Laís acompanham de perto cada passo da filha e comemoram com emoção a conquista internacional. “Ver a Laís conquistar um reconhecimento desse nível é algo que enche nosso coração de alegria. Ela representa o esforço de toda a nossa família e mostra que o trabalho no campo pode ser moderno, inovador e cheio de oportunidades”, afirmou o pai, Juarez Leite.
A mãe, Sirlene também expressa o orgulho da jornada da filha: “A Laís sempre foi determinada e apaixonada pelo que faz. Saber que ela está levando o nome da nossa família e de Cabo Verde para o mundo é uma bênção. Ela é a prova de que o amor pelo café atravessa gerações.”
Raízes que atravessam o tempo
A tradição da família Carmo Leite tem origens profundas. O nome Carmella vem do sobrenome Carmo, herdado do bisavô José do Carmo, o primeiro produtor. O legado foi mantido pelo avô Saulo do Carmo, falecido em 2021, e hoje segue vivo com o olhar atento da avó Cesária do Carmo, de 82 anos. Atualmente, a família produz cerca de 800 sacas de café por ano, com foco em qualidade e rastreabilidade.
A luta feminina nas redes sociais
Além de produtora, Laís se tornou também uma influenciadora agro, usando as redes sociais para divulgar o trabalho da família e promover a cultura do café especial. “Quem não é visto, não é lembrado. Meu chapéu virou parte da minha identidade e da marca. Muitas pessoas acham que meu nome é Carmella, e isso ajudou a fixar nossa história”, conta, sorrindo.
Miss Café Região Vulcânica
Antes da conquista internacional, Laís já havia sido eleita Miss Café Região Vulcânica 2025, representando os 12 municípios do Sul de Minas que compõem a área. O título reforçou seu compromisso em divulgar o selo da marca coletiva Região Vulcânica, que garante rastreabilidade e valorização dos cafés produzidos em solo de origem vulcânica, reconhecido pela alta qualidade e complexidade sensorial.
Reconhecimento e futuro
Inspirada pela tradição da família e guiada pela inovação, Laís Leite é hoje símbolo de um novo tempo na cafeicultura mineira — um tempo em que o conhecimento, a tecnologia e a força feminina se unem para levar o café brasileiro ainda mais longe.
