Imunização da categoria seria estratégia importante para proteger também os clientes, destaca infectologista
Trabalhadores de setores essenciais convivem com o risco da contaminação pelo coronavírus e a incerteza sobre quando serão inseridos no Plano Nacional de Imunização (PNI). Categorias como a de caixas de supermercados têm contato direto com o público e só estão sendo vacinados pelo critério de idade, o que não abrange todos os casos.
Segundo a Associação Mineira de Supermercados (Amis), o Estado tem 212.747 funcionários no setor. O Sindicato dos Comerciários de Belo Horizonte e Região (SEC), que empregados do comércio em 16 cidades da região metropolitana, entende que a classe está entre os grupos de alto risco de contágio e, por isso, cobra das autoridades o acesso à imunização.
“Desde o início da pandemia, o supermercado se reafirmou como setor de primeira necessidade, virou uma categoria de prioridade e não fechou em momento algum. Somos a favor da inclusão da categoria nos grupos de prioridade, mas entendemos que a política vem de cima”, diz o diretor do SEC, Eliezer Batista Coelho.
O Ministério da Saúde informou, em nota, que o PNI está em constante atualização, mas a campanha prioriza grupos com maior risco de internação por complicação da doença e de óbito.
A Prefeitura de Belo Horizonte e o governo de Minas Gerais seguem as orientações do PNI.
Angústia.
A caixa de um supermercado no bairro Itapoã, Maria Aparecida Nascimento, 56, foi infectada pelo coronavírus antes de receber a primeira dose da vacina. “Eu tive Covid e agravou porque eu sou de risco, porque eu tenho asma e pressão alta. Passei muito mal, o pessoal lá de casa sofreu muito comigo. Sou prova viva disso. Agora, depois que vacinei, estou com menos medo”, diz.
O medo acompanha Maria desde o caminho para o trabalho. “A gente não sabe se eu peguei no serviço ou vindo dentro do ônibus, que está sempre lotado. No caixa a gente tem aquela proteção, mas às vezes as pessoas tossem em cima de você”, conta.
Já Clara Lorrane, 21, é caixa em um supermercado no bairro São Luiz, na região da Pampulha e deve receber a primeira dose só em outubro deste ano, de acordo com o calendário do governo do Estado.
“Enfrentamos riscos elevados de contaminação. Sempre mantendo os cuidados, higiênizando as mãos e o ambiente, mas não me sinto totalmente segura. Espero que a vacina chegue logo para todos”, diz Clara
Riscos.
Infectologista dos hospitais Eduardo de Menezes e Felício Rocho, Natália Albuquerque explica que a imunização desses trabalhadores teria impacto importante no combate à pandemia.
“A vacinação de trabalhadores essenciais que interagem com o público é uma estratégia muito importante no combate a doença, considerando que irá proteger os trabalhadores e, de maneira indireta, também o público que tem contato com esses trabalhadores”, diz a especialista.
Além da vacinação, os cuidados com a higiêne devem seguir sendo adotados para reduzir os riscos no ambiente de trabalho.
“Os cuidados já conhecidos e divulgados têm muita importância para os trabalhadores essenciais. Uso de máscara eficaz cobrindo nariz e boca, proteção dos olhos, higienização das mãos e evitar contato das mãos com a face. Se possível, deve-se também manter uma distância segura de outras pessoas”, destaca.
(Por RÔMULO ALMEIDA- O Tempo)