O comércio e as empresas de Muzambinho estão com diversas vagas abertas nas áreas de atendimento, recepção, contabilidade e setor administrativo. A reportagem entrou em contato com empresários locais e a resposta é unânime: há oportunidades disponíveis, mas muitos candidatos não atendem aos requisitos exigidos ou não demonstram preparo técnico para as funções.
Outro fator que influencia diretamente o preenchimento dessas vagas é o período da colheita do café. Neste momento, há uma migração temporária de trabalhadores urbanos para as lavouras. Diaristas, por exemplo, que costumam atuar em serviços de limpeza na cidade por valores entre R$ 150 e R$ 200 por dia, optam pela roça, onde a remuneração é geralmente mais alta. Um colhedor safrista está tendo uma remuneração média de R$1.200,00 semanais. O mesmo ocorre com pedreiros, encanadores e outros prestadores de serviço, que interrompem temporariamente os atendimentos urbanos para trabalhar nas colheitas.
Apesar do cenário, iniciativas como os cursos de qualificação profissional oferecidos por meio de parcerias entre o IFSULDEMINAS, a Prefeitura e a Associação Comercial têm ganhado força. A formação técnica tem impulsionado o empreendedorismo: cresce o número de trabalhadores que se formalizam como MEI (Microempreendedor Individual) e passam a gerir seus próprios negócios, conquistando autonomia e maior poder de compra. É o caso dos cursos de corte e costura, manicure e pedicure, cuidador de idosos, técnicas de vendas, onde o curso sem custos oferece capacitação profissional. Há também a formação feita pelo Senar onde a qualificação é voltada para o campo com curso de embutidos, derivados de leite, comercialização e classificação de café.
A combinação entre a sazonalidade da colheita do café, a lacuna na formação técnica da mão de obra local e a expansão do microempreendedorismo desenha um cenário complexo para o mercado de trabalho em Muzambinho. Embora a geração de vagas indique dinamismo na economia urbana, a dificuldade de preenchimento revela desafios estruturais, como a necessidade de qualificação e retenção de profissionais. A tendência de formalização via MEI, impulsionada por parcerias institucionais, aponta para uma mudança no perfil do trabalhador, que cada vez mais busca autonomia e protagonismo. Para os empresários locais, o desafio será adequar-se a esse novo contexto, investindo não apenas em oferta de emprego, mas também em estratégias de atração e valorização do capital humano.