Muzambinho, 20 de setembro de 2024

COVID-19: Prefeitura vai recorrer de decisão judicial para aplicar 3ª dose em idoso de Guaxupé

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Administração municipal afirma que ainda não foi intimada sobre a decisão do juiz Milton Biagioni Furquim. Magistrado diz que se baseou em pedido médico para autorizar nova dose.

A prefeitura de Guaxupé (MG) informou que vai recorrer da decisão judicial que aprovou que um idoso de 75 anos receba a 3ª dose da vacina contra a Covid-19. Segundo a prefeitura, a administração aguarda ainda a intimação para se manifestar sobre a decisão, mas entrará com recurso assim que for notificada.

Segundo a ordem do juiz Milton Biagioni Furquim, o pedido foi aprovado por ser uma decisão médica. De acordo com a exposição do magistrado, a médica do idoso afirma que o homem é hipertenso, cardiopata e recebeu as duas doses da CoronaVac, mas segundo a declaração, o paciente fez um teste de anticorpos com resultado neutralizado e IgG negativos.

Ainda de acordo com a decisão, o juiz solicita que o nome do idoso seja incluído na lista de vacinação para pessoas com comorbidade e que a imunização dele seja feita com a vacina disponível, “exceção do CoronaVac e AstraZeneca, no prazo de 24 horas após o recebimento desta decisão”.

Segundo a médica, a vacina AstraZeneca não seria apropriada para o idoso por haver risco de trombose.

A decisão judicial impõe pagamento de multa diária de R$1 mil pela prefeitura em caso de descumprimento da decisão, valor limitado ao total de R$30 mil. Se as diárias da multa ultrapassarem esse valor, o juiz impõe que o prefeito de Guaxupé seja responsabilizado.

À produção da EPTV, afiliada Rede Globo, o juiz afirmou, por telefone, que a decisão foi tomada por causa da orientação médica e destacou que não cabe a ele questionar o conhecimento da médica que cuida do paciente e solicitou a dose extra. Ele acrescentou que a decisão não critica a CoronaVac, nem exalta outras vacinas.

O que diz especialista sobre testes de anticorpos e 3ª dose

A médica infectologista Lívia Teixeira Vitale destaca que exames de anticorpos não são recomendados como indício de eficácia da vacinação e que, independentemente do resultado, eles podem gerar “falsa sensação” de desproteção ou mesmo de proteção.

“O que a gente tem visto é que muitas pessoas têm solicitado exames, principalmente o chamado de anticorpos neutralizantes, que é para ver se a pessoa está imunizada. Não é indicado, o resultado negativo pode dar uma falsa sensação de desproteção”, disse.

Em relação à CoronaVac, a especialista relembrou que ela foi a primeira vacina a ser utilizada no Brasil, sendo aplicada nos servidores da saúde que trabalham na linha de frente da Covid-19. Segundo ela, o resultado do imunizante foi positivo na diminuição dos casos e nos efeitos do coronavírus em servidores.

“O que a gente tem visto é uma diminuição absurda no número de casos. Os casos que a gente tem visto são, na maioria das vezes, casos leves. E [a CoronaVac] é a vacina que mais proteção causa contra óbitos. Não existe essa questão de escolher qual a vacina, a vacina boa é vacina no braço”, falou.

A infectologista também falou sobre estudos sobre a necessidade ou não de uma terceira dose da vacina contra Covid-19.

 “Estudos estão sendo seguidos, provavelmente serão necessárias doses adicionais ou até mesmo, como a vacina de gripe, anual. Talvez a de coronavírus seja anual. Todas as vacinas são boas, todas possuem a sua eficácia, todas têm o seu espaço garantido. Quando a gente fala de aplicação de terceiras doses, como a gente tem visto, de pessoas que têm procurado isso, estamos falando de saúde individual. E não é o momento disso. Estamos falando agora de saúde pública. Quanto mais pessoas imunizadas, mais fácil vai ser a gente controlar a pandemia. Esse tem que ser um esforço coletivo e deixar questões individuais para um segundo momento”.

 

O que diz o Butantan

Em nota enviada ao G1 e à EPTV, afiliada Rede Globo, o Instituto Butantan esclarece que a eficácia da CoronaVac foi comprovada por testes clínicos realizados com 12.500 voluntários no Brasil e que embasaram a aprovação de uso emergencial pela Anvisa e, mais recentemente, pela própria Organização Mundial da Saúde.

O instituto ainda destaca que o imunizante previne especialmente as formas graves da Covid-19, evitando hospitalizações e óbitos.

“Conforme nota técnica emitida pela Sociedade Brasileira de Imunizações, não é aconselhável a realização de testes sorológicos de anticorpos para aferir a proteção individual de vacinas contra a Covid-19, disse o Butantan.

(G1 – Sul de Minas)

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