(Foto: Rogerio Albuquerque)
Fruta símbolo do brasileiro, a banana tem lugar garantido nas lavouras de Muzambinho (MG), não só pela produção, mas também por um papel estratégico: proteger o café do sol e do vento.
No dia 22 de setembro, comemora-se o Dia da Banana no Brasil. E em Muzambinho, no Sul de Minas Gerais, a data tem sabor de reconhecimento. A cidade, tradicional produtora de café, vem se destacando também pela produção da banana, que tem conquistado espaço nas propriedades por sua versatilidade, valor econômico e utilidade na proteção das lavouras.
Com o clima de altitude e solos férteis, a região é ideal para o cultivo das duas culturas. Muitos produtores de café passaram a apostar na banana como forma de sombreamento natural para as mudas de café, especialmente nas fases mais críticas de crescimento. As bananeiras ajudam a reduzir o impacto do sol forte e dos ventos, criando um microclima mais estável e úmido – condição que favorece o desenvolvimento do cafeeiro.
“A banana ajuda muito no início da lavoura. A gente planta ela nas bordas ou entre as linhas para proteger as mudas novas. E ainda colhe o cacho, que é renda extra”, explica João Carlos de Souza, produtor rural de Muzambinho.
Além do papel protetor, a banana oferece retorno econômico rápido. Enquanto o café pode levar até dois anos para começar a produzir, a bananeira começa a dar frutos em menos de um ano, o que representa uma importante fonte de renda enquanto o cafezal ainda está em formação.
Segundo técnicos da região, variedades como a banana-prata e a banana-nanica são as mais comuns nas propriedades, tanto pelo valor de mercado quanto pela adaptação ao clima local. O cultivo, em geral, é feito de maneira orgânica ou com baixo uso de defensivos, aproveitando a integração com outras culturas para manter o equilíbrio da lavoura.
Dupla que dá certo: café com banana
A associação entre banana e café é antiga, mas tem ganhado novos ares com a busca por práticas mais sustentáveis e diversificadas no campo. A estratégia também contribui para a conservação do solo e redução da necessidade de irrigação, o que é especialmente importante em anos de estiagem.
Além disso, os cachos colhidos abastecem mercados locais, feiras e até escolas, valorizando a produção familiar e fortalecendo a economia rural do município.
“É uma parceria que protege, alimenta e gera renda. Aqui em Muzambinho, a banana e o café andam juntos”, resume Cleber Marcon, presidente do sindicato dos trabalhadores que tem agrônomos e técnicos agrícolas que acompanham projetos de agricultura familiar na região.
Neste Dia da Banana, Muzambinho celebra não só a fruta em si, mas a sabedoria do produtor rural, que sabe tirar da terra mais do que alimento: soluções inteligentes para o futuro do campo.
(Colaborou: Valeria Vilela)