Faleceu Nabih Zaiat, uma das maiores expressões do rádio brasileiro

Share on facebook
Facebook
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on email
Email
Share on print
IMPRIMIR
Share on facebook
Share on whatsapp
Share on email
Share on print

Guaxupé está de luto, faleceu em 02 de dezembro último, o ícone da comunicação, e um dos homens mais respeitados e admirados da sociedade local, Nabih Zaiat, 93 anos de idade.

A sua morte enluta não somente a respeitada e conceituada Família Zaiat, mas uma enormidade de ouvintes, anunciantes e demais membros da imprensa que sempre viram e tiveram nele um exemplo de prudência, equilíbrio, serenidade, cultura e sabedoria.

Assim a morte retirou do convívio dos encarnados um homem que sempre soube dignificar uma geração pela correção em todos os atos de sua vida. Perde a sociedade um valor de alto gabarito moral e intelectual que nunca deixou de maneira humilde e sincera de honrar o meio em que viveu, não só através de exemplos os mais dignificantes como, ainda pela conduta ilibada e altamente equilibrada. Perde o rádio brasileiro um valor de excepcional qualidade

Perdemos nós os seus discípulos da imprensa o mestre amigo e justo, aquele amigo sereno e delicado que jamais deixou de nos assistir em todas as horas, não só nos apontando os caminhos claros e abertos da vida, ainda nos ensinando a sermos o seu exemplo, de sermos úteis a sociedade à pátria, a família e ao estado democrático de direito. Perde a sua família o esposo amoroso, o pai e avô dedicado e reto.

Por isso a sua morte é uma perda irreparável e daquelas que atingem todos os quadrantes da cidade.

Nabih Zaiat nasceu em São Paulo, capital, a 3 de março de 1929, filho dos saudosos imigrantes sírios libaneses, Elias Zaiat, falecido em 09 de julho de 1964, e de Dona Angelina Atux Elias Zaiat, falecida em 09 dezembro de 1970. Ele era casado com a senhora Dona Waldete Tolledo Russo Zaiat, e deixa os filhos: Nabih, falecido em tenra idade, no dia 29 de maio de 1963, Marta, Ricardo e Maurício, vários netos, dentre eles Rafael Zaiat, atual diretor da Rádio Clube de Guaxupé.

Como seu pai se dedicava à fabricação de calçados, Nabih iniciou sua vida profissional costurando bolas de futebol, posteriormente passou a se dedicar ao comércio de sucatas. Nabih fez parte de um consórcio que fundou a Rádio Clube de Guaxupé, emissora que iniciou suas atividades em 13 de novembro de 1947, e que permanece em funcionamento ininterrupto nos últimos 75anos.

Na década de 1960 Nabih teve importante participação na vida religiosa de Guaxupé. Naquela época, ele juntamente com o saudoso Monsenhor Hilário Pardini, participava das procissões com a sua tradicional perua DKV – VEMAG equipada com potentes alto falantes. Era através daqueles alto falantes que o Monsenhor conduzia as procissões, inclusive com as orações.

Batalhador de longos anos na Rádio Clube de Guaxupé, emissora em que ele foi um dos fundadores, Nabih Zaiat inscreveu-se como um dos baluartes do nosso progresso. Da sua cooperação de radialista inteligente e experiente resultaram muitas iniciativas e empreendimentos que impulsionaram o progresso de Guaxupé.

Radialista de altos méritos, ao lado do saudoso Kaled Kury, era o argumentador de fatos e muito seguro nos temas que abordava com precisão, elegância de linguagem e com a sua educação invejável.

Orador fluente e de palavras fáceis, era o escolhido para interpretar os sentimentos do povo em momentos culminantes da vida da cidade.

Ele também foi presidente do Guaxupé Country Clube e do Lions Club local.

Poucos homens entre nós se tornaram tão dignos de benemerência pública como Nabih Zaiat. A sua popularidade, o respeito que sempre mereceu e a estima que conquistou em todas as classes sociais foram consequência dos altos méritos que o tornaram uma figura exemplar e um dos mais destacados radialista do Estado de Minas Gerais. Bem por isso ele recebeu inúmeras condecorações, dentre elas, a Medalha Desembargador Hélio Costa, uma das mais altas condecorações concedidas pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais; a Medalha do Mérito Legislativo e o Título de Honra ao Mérito, concedidos pela Câmara Municipal de Guaxupé.

Ele morre depois de cumprir, em vida, uma nobre missão na sociedade e na imprensa, deixando-nos um exemplo de persistência, de trabalho e de coragem e a esta terra que lhe é túmulo hoje uma acendrada devoção e carinho.

Guaxupé deve aos seus esforços de radialista uma parcela de bons serviços que não serão esquecidos. Na sua história, na história do rádio guaxupeano, e na imprensa em geral, figurarão sempre o seu nome e o seu trabalho.

A sua morte, Nabih Zaiat, foi assim; quando pela cidade toda corria a dolorosa notícia de que já não pertencias a este mundo, partindo para essa misteriosa romagem de onde ninguém volta mais, sentimos que a realidade nos oprimia e que a ilusão se esfumou para sempre.

Entretanto cumpria-se a vontade superior. É que está cumprida também a sua missão no plano terreno, Porém resta-nos o consolo de que foste amigo, foste sincero e foste bom.

Esta deveria ser aquela hora de nos calarmos para que, através do nosso silêncio, ouvíssemos somente o pulsar dolorido de nossos corações. Entretanto não seria justo que na hora em que pagas o seu tributo à morte, e no instante em que a terra generosa de Guaxupé se abre para receber o seu corpo inanimado, os teus amigos e discípulos de ontem se silenciassem, nesta hora extrema, portanto a nossa homenagem de estima, e de saudade.

Terminada está a sua missão aqui na terra, agora ele vai iniciar outra a caminho da Espiritualidade Maior, a caminho desse Deus que fê-lo humilde, bom, honrado e digno.

Seu corpo foi velado na Capela do Lar São Vicente de Paula e sepultado no dia seguinte, às 11h00, no Cemitério da Praça da Saudade com grande acompanhamento como uma homenagem póstuma do grande círculo de amizades que conquistou em vida.

 

Homenagem da historiadora Maria Luiza Lemos Brasileiro e de seu marido Wilson Ferraz.

 

Rádio Clube de Guaxupé

A Rádio Clube foi constituída por um grupo de acionistas liderados pelo Dr. Benedito Felipe da Silva e iniciou seu funcionamento em 13 de novembro de 1947.

Nos primeiros anos da emissora era inserida na programação a leitura de matérias publicadas no jornal Folha do Povo, retransmitindo os principais fatos e acontecimentos.

Em 1º de junho de 1951, Nabih Zaiat e Kaled Kury adquiriram as quotas dos demais acionistas e assumiram a direção da emissora. A programação passou por reformulação. Foram criados novos programas e alguns deles, como o Radiolar, Luar do Sertão, Momento Social Católico, entre outros persistiram na programação ao logo destes 75 anos.

Além da programação normal, que era levada ao ar, ainda existia a “Rede Cruzeiro do Sul de Alto Falantes”, o serviço de alto falantes volantes, os programas de auditório, a transmissão dos bailes carnavalescos, entrevistas de personalidades e enquetes teatrais.

Para manter todas estas atividades a Rádio Clube chegou a manter três pianistas: Vinícius Eclissato, Edúgena Camargo, e Nair Rondinelli (Dona Toquinho) e o conjunto Cruzeiro do Sul, composto por elementos que tocavam violão, contrabaixo, bateria e sanfona. Em 1964 os estúdios foram transferidos da Rua Luiz Costa Monteiro para o prédio atual, na Avenida Conde Ribeiro do Valle.

Com o falecimento de Kaled Kury, em 1985, sua parte na emissora foi transferida para César Tadeu Dias e para Antônio Magri Barbosa, o tão popular e conhecido Capitão Barbosa, porém Nabih adquiriu as quotas de César e do Capitão Barbosa, tornando-se o único proprietário da emissora.

Atualmente a Rádio Clube vive sua terceira fase, transmitindo em FM, Frequência Modulada.

 

(Arquivo: Maria Luiza Lemos Brasileiro / Wilson Ferraz)

Notícias Recentes