Falece o “mestre” e historiador, José Manoel Ribeiro Ferraz

Share on facebook
Facebook
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on email
Email
Share on print
IMPRIMIR
Share on facebook
Share on whatsapp
Share on email
Share on print

GUAXUPÉ – A morte de José Manoel Ribeiro Ferraz, 82 anos de idade, ocorrida no último sábado, 29 de março, foi uma dor sentida pelo povo, com uma veemência e uma sinceridade que ninguém pôde esconder. É que cada um o queria como uma pessoa extraordinária, cheia daquele sentimento que fraterniza os homens e domina os imperiosos.

O seu passamento foi uma ocorrência que chocou e produziu as mais dolorosas repercussões, porque o saudoso extinto não foi apenas um agricultor, um mecânico e um historiador humanitário e bom e, sim, um destes homens que se impõem e se tornam admirados e estimados pela retidão de caráter, agudeza de independência e grandeza de coração.

As lágrimas que o povo chorou pela sua morte tinham o peso de uma dor nascida da gratidão. Eram as lágrimas que em flores se transformavam para cair, como um adeus e como preces sobre o túmulo que, na generosidade da terra guaxupeana, agora ele descansa das lidas que lidou e das pelejas que venceu sempre no anseio de fazer menos sofredor aqueles que lavram a terra e mais feliz a gente que ele tanto respeitou.

Assim, choravam os olhos, mas, enterneciam os corações. Choravam aqueles porque ofuscara a luz de uma criatura esplendidamente humana que todos admiramos.

Como o sândalo que perfuma o machado que corta, a morte de José Manoel feriu a nossa sensibilidade, mas envolveu-a da certeza de que foi ele em busca daquelas mercês que são as moedas com que a Espiritualidade Maior resgata as grandes dívidas que Deus contraiu entre os homens.

Com o seu bom humor, mesmo nas horas mais difíceis, ele manteve aquela verve que o caracterizou e que o tornou um homem forte e otimista, pois para todas as situações tinha ele aquela atitude alegre de homem generoso e satisfeito consigo mesmo.  

Sempre delicado e atencioso, conquistou um largo círculo de amizades e quando solicitado, jamais faltou com a sua ajuda e cooperação.

Ele descendia dos pioneiros da colonização do município de Guaxupé, e como seus antepassados, dedicou sempre suas atividades laborais à lavoura nas fazendas Mergulhão e Bálsamo.

Embora ele fosse um alto didata, era um profundo conhecedor de mecânica e assim desenvolveu o aprimoramento e a criação de máquinas e implementos agrícolas, ensinando a arte a dezenas de jovens que foram seus discípulos. Assim ele ensinava com sabedoria, orientando pacientemente, com a mansuetude de seu coração e agudeza de inteligência.

Historiador de altos méritos, conhecia em profundidade a história local e assim se tornou um grande mestre para os que pretendiam se dedicar à historiografia.

Agora, no limiar do centenário da Comarca de Guaxupé, vinha ele nos orientando na elaboração de um documentário a respeito dos velhos e centenários processos judiciais que deverão subsidiar um livro a ser publicado em breve.

Poucos homens entre nós terão tido a ventura de terem sido amados, como foi José Manoel. No avançar de sua idade teve a dourar lhe os dias, a alegria dos netos e bisnetos com quem dialogava como um patriarca maneiroso, recolhendo na argúcia e no entusiasmo dos moços as forças dominadoras para os seus dias já apoucados de sonhos e dando à sua descendência o exemplo de bom humor e da arte de viver em que se primou ele pela sua bondade e pela sua convicção de homem de fé.

José Manoel sabia que o amor é o centro de todas as coisas na vida. E porque soube amar os seus e os que o cercavam, fez-se maior agora que partiu para nunca mais voltar, porém ficou a sua figura veneranda e querida que todos nós, através dos tempos, jamais esqueceremos num desafio à morte que, se arrebata e aniquila, não destrói, contudo, a saudade e a lágrima derradeira ficam de quem muito se quis.

Homem do lar, alongou uma tradição de honradez e de piedade cristã que é o solário de sua família e, assim, soube dar aos seus aquela doçura do diálogo manso e bom que as vozes ressoam do coração marcando atitudes amplas de bondade, de amor e de compreensão.

Pai amoroso, abriu aos filhos o coração e nele os abrigou com aquela serenidade mansa de homem justo que só entendia o bem e pelo bem vivia todos os seus minutos. Assim, deu a seus filhos, netos e bisnetos formação sólida e educação cristã, ostentando-os na cordura dos gestos e amando-os com a enormidade da sua delicadeza de homem simples e irrepreensivelmente educado.

José Manoel Ribeiro Ferraz nasceu em 10 de junho de 1942, filho dos saudosos, José Ribeiro Ferraz e Dona Marcília Vieira Ribeiro. Seu pai foi superintende e diretor da Cooxupé por longos anos e seu avô paterno, Manoel Gonçalves Ferraz, foi um dos idealizadores e fundadores da Cooperativa. Ele era casado com Maria Venância Xavier, a tão piedosa Mariquinha, e deixa os filhos: José Ronaldo, Ângela, Adriana e Cristiane, nora, genro, netos, bisnetos e muita saudade.

Seu corpo foi velado no Velório Municipal e sepultado naquele mesmo dia, às 10h30, em jazigo da família no Cemitério da Praça da Saudade, com grande acompanhamento como uma homenagem póstuma do grande círculo de amizades que conquistou em vida.

São Sebastião do Paraíso, 30 de março de 2025.

 

Homenagem da historiadora Maria Luiza Lemos Brasileiro e de seu marido, Wilson Ferraz.

 

Notícias Recentes