“Com a Copa América parece que o futebol deixou de ser alegria do povo”. (Domingos Justino Pinto, educador)
• A pergunta é pra você aí, torcedor apaixonado. Você aí, que conhece tudo sobre o esporte das multidões e que sabe apontar, de cor e salteado, sem vacilações, as escalações (incluindo treinador, auxiliares técnicos, reservas, preparadores físicos, massagistas, roupeiros) de todas as seleções brasileiras que conquistaram títulos mundiais e regionais. Explique por que mané cargas d’água esse ensurdecedor silêncio de tumba etrusca à volta da “Copa América”, ora disputada em estádios do país. Por onde se circula, nos papos entre conhecidos, nas conversas telefônicas, nas mensagens trocadas nas redes sociais, não se ouve nem se lê nadica de nada sobre o que anda rolando nos gramados. Nenhuma bandeira é agitada nas janelas em dia de jogo do Brasil, ninguém sai à rua com a camisa canarinho. Nada de foguete na hora de gol. Parece que se compôs, na consciência das ruas, uma cumplicidade global para expressar indiferença quanto ao torneio. Por que será mesmo que isso está acontecendo? A pandemia, por si só não esclarece essa reação coletiva de desinteresse, impensável quando se tem presente o fato de que estamos no país do futebol.
• Dois momentos imperdíveis na programação televisiva domingueira. Globo, 14 horas, “The Voice Kids” (o título bem que poderia ter sido abrasileirado, não é mesmo?); Record, 18 horas, “Canta Comigo”. Os dois musicais, de belo feitio, têm proporcionado enlevantes emoções aos telespectadores. Ouvindo os cantores mirins e os cantores adultos, em bem cuidadas performances, a gente não tem como evitar o “lugar comum” das demonstrações de entusiasmo das ruas, quando frente à criatividade popular: somos um eterno celeiro de craques.
• Os fabricantes da vacina contra a Covid-19 estipulam na bula (que o Ministro da Saúde diz não haver lido), um intervalo determinado entre a primeira e segunda doses. Tem ocorrido com alarmante frequência, por inconcebível escassez do imunizante, de os prazos recomendados não serem cumpridos. Seria de toda relevância e oportunidade os setores competentes divulgarem esclarecimentos sobre o que pode resultar dessa alteração de prazo. Disso decorre diminuição do potencial da vacina? Se ampla demais a distância entre a primeira e segunda doses ocorreria, por acaso, a necessidade imperiosa de uma terceira dose?
• Numa das vezes em que acompanhou depoimento na CPI da Pandemia, este escriba velho de guerra foi tomado de enorme perplexidade ao ouvir, da boca de executivo da Saúde, absurda comparação da marca comemorativa dos cento e vinte anos da Fiocruz com um símbolo obsceno. É incrível observar o transtorno que pode se operar na cuca de alguém que se deixe contaminar por dogmas talebanistas!
• A impressão que tenho é que nenhum chefe de família ou dona de casa consegue hoje mencionar um único item sequer, da extensa variedade de produtos consumidos nos lares, que não tenha sofrido alteração a maior nestes últimos tempos. Tudo está subindo vertiginosamente, alimentos, medicamentos, etecetera. A carestia está tirando o sono de muita gente. A inflação voltou com todo ímpeto à vida nacional.
• E o Cruzeiro? Como é que pode? É muito chocante admitir, mas se alguma intervenção radical nos rumos do futebol apresentado em campo não for logo tomada, o desfecho melancólico da história toda será a participação do Clube – detentor de extraordinários feitos no passado – na temporada vindoura, na terceira divisão. Quem ousaria conceber, pratrazmente, que as coisas pudessem algum dia chegar a esse extremo!
Cesar Vanucci -Jornalista ([email protected])