Observações e avaliações feitas em campo mostram que a folhagem de cafeeiros, mesmo quando já atingida e queimada/morta pelo efeito de frio, por geada, deve ser mantida ao máximo, pois protege a planta do efeito de nova geada, que porventura venha a ocorrer no mesmo período de inverno.
Quando ocorre geada em cafezais uma das regras básicas consiste em esperar, por cerca de 2 meses, para, então, definir as práticas de recuperação, onde está inserida a poda. Isso é necessário para que se possa verificar até onde, efetivamente, houve a queima das plantas e, assim, possibilitar, em cada caso, o maior aproveitamento da estrutura da planta, a parte não atingida, com isso obtendo-se maior retorno produtivo na recuperação dos cafeeiros afetados.
Outra vantagem importante de postergar práticas de poda no pós-geada é que a folhagem/ramagem, atingida pela geada, ao ser mantida nas plantas, pode oferecer proteção contra eventuais novas ondas de frio. Ao contrário, se essa proteção for eliminada, pelas podas, as partes mais internas da planta, os ramos e o tronco, ficam mais vulneráveis ao frio.
Nesse inverno de 2021, até o final de julho, já ocorreram 3 geadas, sendo a primeira mais leve. Em função dessa sequência, novos conhecimentos foram obtidos quanto ao manejo das plantas no pós-geada. A primeira dúvida era quanto ao comportamento da folhagem queimada, em relação à temperatura. Para esclarecer esse aspecto foi feita uma avaliação, em diversos pontos, medindo, com termômetros de infra-vermelho, a copa de cafeeiros queimados e de outros sem queima, portanto comparando a temperatura da folhagem de cor marron, em relação à de cor verde. A avaliação foi feita em plantas na Fda Experimental de Franca-SP. Os dados médios, de 30 medições, realizadas no mesmo momento, em tarde de sol, indicaram a temperatura de 28,1oC na folhagem verde, contra 32,0 na queimada, com um diferencial a mais de 3,9oC na queimada, isso indicando a sua maior capacidade de irradiação de calor, para o ambiente.
Outra observação de campo foi realizada quanto ao efeito da colheita mecanizada em plantas atingidas por geada. Na área colhida, em lavoura com geada severa, verificou-se, depois da passagem da colhedora, uma desfolha quase total dos cafeeiros. Deste modo, houve exposição da parte mais interna da ramagem lateral e também do tronco das plantas, com efeito semelhante ao que se provocaria com uma poda. Por outro lado, quando a colhedeira foi usada em área de geada leve ou moderada, a derrubada da folhagem queimada evidenciou a folhagem verde, assim mostreando que, nesses casos não seria preciso podar as plantas.
Verifica-se, portanto, que quanto menos se remova a proteção da folhagem/ramagem atingida por geada, menor vai ser o risco de danos por outras geadas em seguida.
Ficou evidente, ainda, que quando derrubadas as folhas secas, pela colhedeira, pode-se determinar melhor o tipo de poda a ser realizada. Então reforça a recomendação da espera para, então tomar a decisão quanto à poda.
Por J.B. Matiello e Marcelo Jordão Filho – Engºs Agrºs. Fundação Procafé e Leandro Andrade, Lucas Ubiali, Eduardo Lima e Gabriel Devoz -Engs Agrs Fda Exp. de Franca e João Paulo Ananias- Eng Agr.