Guerra sem fim à vista

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“Calem-se as armas, quem faz a guerra esquece a humanidade.”
(Papa Francisco)

Cinco milhões de refugiados, milhares de mortos, mutilados, desabrigados, cidades inteiras riscadas do mapa, estruturas econômicas e de serviços comunitários básicos essenciais esfaceladas. A hedionda guerra na Ucrânia provocada pela insana ambição pelo poder do Tzar Vladimir Putin quebra estrepitosamente o, de certo modo, relativo sossego mundial. Chega a suscitar até mesmo receio de um conflito de proporções mais avantajadas. Se isso – Deus nos livre e guarde! – acabar ocorrendo, como resultado da insensatez que domina o relacionamento dos senhores do mundo, vamos ter que confrontar, como dizem profecias apocalípticas árabes, a “mãe de todas as guerras”. Ou seja, o “Relógio do Juízo Final”, criado por cientistas atômicos, para avaliar e monitorar as tensões da presença humana no planeta poderá fazer soar as tétricas e derradeiras badaladas. Seja recordado, a propósito, que, dias atrás, quando do início das hostilidades, os ponteiros do “Relógio” registravam restar apenas 110 segundos para a hora fatal.
Os seres humanos, de todas as partes do mundo, com realce para os que trabalham pelo bem-estar social dentro de óticas humanística e espiritual, confessam-se perplexos, diante da manifesta incapacidade das lideranças mais graduadas, detentoras de poderes decisórios capazes de influenciar mudanças dos rumos de tantas coisas, em participarem de rodadas de negociações sucessivas para impor o “cessar fogo” imediato e impedir os funestos desdobramentos dessa selvageria movida a misseis. Com sua retórica inflamada, os façanhudos agressores e demais protagonistas dessa contenda que ensanguenta a Europa e estremece o mundo não ligam a mínima importância às demonstrações de repúdio aos horrores que estão sendo praticados, pedindo moderação nas palavras e diálogo urgente no sentido do restabelecimento da paz, partidos de personagens e organizações representativas dos nobres ideais e anseios cultivados pela sociedade humana. Anseios esses voltados para a paz, solidariedade, convivência fraternal, pressupostos basilares da evolução civilizatória. Em vão, o Papa Francisco apela ao bom-senso dos contendores, exprobando, como devido, a impetuosidade belicosa russa. As recomendações da ONU, falando pela grande maioria dos Estados membros, não encontram eco. A Rússia não dá ouvidos à instituição. Procede que nem outros países fizeram, entre eles, Estados Unidos e Israel, em momentos de tensão transcorridos no passado.
Analistas dos traumatizantes acontecimentos em curso não escondem temores de que algum episódio inesperado, fora do controle que os litigantes, em sua embriagadora autossuficiência imaginam possuir possa constituir a fagulha de uma situação com potencial explosivo aterrador. Imaginem só as consequências que adviriam, por exemplo, na hipótese de um míssil extraviado atingir o avião do primeiro ministro inglês quando de sua viagem, outro dia, sobrevoando os céus da região conflagrada, para conversações em Kiev!
A história dessa guerra estúpida deixa à mostra, outra vez, que, embora atuante e eficiente em variadas intervenções vinculadas a causas humanitárias, a ONU é de inoperância preocupante face a litígios envolvendo países que a compõem. As votações amplamente majoritárias do plenário, condenando, recomendando medidas para solucionar crises não surtem nunca os efeitos práticos almejados. E, ainda por cima, em boa parte dos casos avaliados sobre eventuais condutas ilegítimas dos países membros, prevalece sempre, como palavra final o antidemocrático veto unilateral de qualquer uma entre cinco potencias, em especial, componentes do grupo do Conselho de Segurança. Apesar de os regulamentos da entidade considerarem todos os países iguais em direitos e deveres, os Estados Unidos, a Rússia, a China, a Inglaterra e a França, com seu poder incondicional de veto, sabe-se lá por quais razões, são, desde sempre, “mais iguais do que os outros” …

Cesar Vanucci – Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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