Na última quarta, 1º de fevereiro, tomaram posse os deputados estaduais, deputados federais e senadores eleitos na Eleição do ano passado. E o primeiro dia de trabalho destes, dando início a uma nova Legislatura, é marcado pela eleição daqueles que presidirão as respetivas casas legislativas, bem como os demais que comporão as mesas diretoras e já começando a delinear como serão comandadas as comissões temáticas. É considerado dia crucial para os poderes executivos, uma vez que todos o processo de aprovação orçamentária, criação de leis e fiscalização recai sobre os parlamentares.
Na capital mineira, o desenho já estava traçado dias antes. Com a candidatura única de Tadeu Martins Leite (MDB), conhecido como Tadeuzinho, o mesmo foi eleito para presidir a Assembleia Legislativa de Minas Ge-rais (ALMG) pelos próximos 2 anos. Após frustrações de Romeu Zema na tentativa de articular uma candidatura de algum parlamentar dentro do seu nicho de apoio, o mesmo terá que se contentar com um legislativo menos arredio que o da legislatura anterior, mas ainda assim com uma base governista rachada, já que teremos um eixo independente. Isto pode impactar diretamente nos trabalhos da casa e, sobretudo, nos trabalhos em que Zema depender dela. Mas, nas palavras do eleito presidente da ALMG, fará com que a relação entre a Assembleia e o Governo de Minas seja mais amistoso, na base do diálogo. Pensando para daqui dois anos, especula-se nos bastidores que candidatos mais votados que Tadeuzinho, inclusive os da nossa região, como Cassio Soares (PSD) e Antonio Carlos Arantes (PL), sejam nomes cotados para a presidência da casa na eleição seguinte, para finalizar a da 20ª Legislatura da ALMG.
Em Brasília, na Câmara dos Deputados, mais um cenário que já estava desenhado há certo tempo. Arthur Lira (PP) se reelegeu como presidente da Câmara, em votação disputada com Chico Alencar (PSOL) e Marcel van Hatten (NOVO), por mero formalismo da oposição de ambos os partidos. Para Lula, apesar de não ser o melhor dos mundos, é um caminho já imaginado e articulado desde o dia em que foi eleito. Para alguns, Lira eleito significa um governo federal refém do legislativo, amarrado e sem ter como agir por conta própria. Será, assim, um longo período de diálogo e concessões, comuns da Democracia brasileira. Mas são nesses momentos que sempre voltam à tona questionamentos de uma reforma política no sistema de governo. Os possíveis entraves, poderiam eventualmente sumir ou minimamente reduzir. Mas, neste caso, antes da reforma, talvez seja necessária uma reforma da consciência política dos brasileiros. Voltando à reeleição de Lira, o alagoano recebeu 464 votos, recorde de votação na casa. Vale dizer que a situação governista, que o apoiou, está ciente desta grande demonstração de força de Lira, o que o engrandece e pode dificultar negociações.
Coube, ao Senado Federal, o embate mais vivo. Alguns chamaram até de “3º turno entre Lula e Bolsonaro”, uma vez que Rodrigo Pacheco (PSD) era apoiado pelo atual presidente Lula, ao passo em que Rogério Marinho (PL) era apoiado pelo ex-presidente Bolsonaro. As articulações entre partidos foram aumentando com o passar dos dias, e a base maior favoreceu o senador mineiro, que acabou se reelegendo. Pacheco recebeu 49 votos, enquanto Marinho obteve 32 votos. Em seu discurso subsequente à vitória, Rodrigo Pacheco fez voz pela defesa da Democracia e da atuação dos Três Poderes nos seus devidos desígnios.
Quando pensamos nos trabalhos desempenhados pelos chefes do Executivo (local, estadual e federal), muitas vezes, deixamos de lado a importante tarefa desempenhada pelo Legislativo e como eles são capazes de remodelar os caminhos políticos. Inclusive, serão períodos com pautas muito importantes, o que reforça a necessidade de se acompanhar os trabalhos de nossos representantes.
POR: LUCAS FILIPE TOLEDO |
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