O receio de Kissinger

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“Nós estamos à beira da guerra”

(Henry Kissinger)

Como é do desconhecimento geral, Henry Kissinger, ex-Secretário de Defesa dos EUA com realçante presença no palco político internacional, está prestes a comemorar 100 anos de vida e com fôlego para lançamento de mais um livro onde narra suas ricas experiências na atividade diplomática. O título do livro: “Leadership, ou Liderança.”

Kissinger revela-se, de acordo com jornalistas que o entrevistaram recentemente, dono de mente aberta e com lucidez de espírito. Manifesta-se perfeitamente atualizado com os acontecimentos mundiais, emitindo opiniões sobre os fatos de relevância. Aqui está uma condensação do que disse sobre as desavenças entre os Estados Unidos, China e Rússia. O depoimento saiu no principal espaço de leitura do “Wallstreet Journal”. O Ex-Secretário teme o desequilíbrio global. Argumenta que, “se você crê que o resultado do seu esforço tem que ser a imposição dos seus valores, então o equilíbrio não é possível”. Os americanos, afirma ele, se negam a separar a diplomacia das “relações pessoais com o adversário”. Tendem a ver as negociações “em termos missionários, buscando converter ou condenar seus interlocutores em vez de penetrar em seu pensamento”.

Assegura que “nem sempre foi assim” e que “o período atual responde demais à emoção”. Aduz: “Estamos à beira da guerra com Rússia e China por questões que em parte nós criamos, sem nenhum conceito sobre como isso vai terminar”.

Segundo Kissinger, “a política implementada em Taiwan permitiu o progresso dessa Província no sentido de tornar-se uma entidade democrática e autônoma e preservou a paz entre a China e os EUA por 50 anos. Deve-se ter muito cuidado com medidas que parecem alterar a estrutura básica”.

A fala de Kissinger a respeito do estremecimento das relações dos Estados Unidos com a China ocorreu pouco depois da visita da Presidente da Câmara dos Deputados norte-americana a Taiwan, episódio que produziu irada reação do governo chinês. Agravando ainda mais a já temerária situação, dias depois, um grupo de cinco parlamentares estadunidenses chegou a Taiwan e o fato segundo analistas internacionais, o incidente contribuiu para o ciclo de escalada das tensões reinantes.

·       E se um míssel atingir alvo errado? A pergunta, com certeza é formulada com constância por estrategistas dos países envolvidos em desavenças e que mantém forças militares em alerta. Na Ucrânia, brutalmente invadida pela Rússia, debaixo da condenação em termos ásperos da comunidade das nações, as batalhas se processam há seis desgastantes meses. A maior usina de fornecimento de energia nuclear da Europa, localizada em região marcada pela contenda bélica, está em poder dos invasores, embora continue sendo operada por técnicos ucranianos. Volta e meia, o noticiário registra que um ameaçador míssel andou roçando parte nevrálgica do importante complexo. E se, de repente um artefato desses, por erro de cálculo ou intencionalmente, atingir um dos reatores? A consequência será calamitosa. O mundo inteiro pagará tributo doloroso pelo que venha as suceder nos dias posteriores, seguramente – Deus nos livre guarde – a terceira, e talvez derradeira guerra mundial poderá eclodir.

Voltemos a atenção para outro cenário: o mar da China. Neste momento embarcações de guerra dos Estados unidos e da China acham-se postadas nas imediações de Taiwan. Inconformados com as visitas de parlamentares norte-americanos a Taipé, os chineses realizam exercícios militares, com munição de verdade com o fito de reafirmar que Taiwan é parte de seu território, circunstância, aliás, reconhecida pelo ONU e por quase todos os países do planeta (apenas três nações discordam da tese). Cabe aí, também, a pergunta sobre eventual desvio de rota do míssel.

Da para concluir, com base nos fatos narrados, que Henry Kissinger está coberto de razão quando manifesta receio com relação à eventualidade de uma outra conflagração bélica mundial.

Cesar Vanucci – Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

 

 

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