As inúmeras mudanças climáticas que vem ocorrendo no planeta estão afetando a produção agrícola, o que vem gerando um impacto na produção de alimentos. De acordo com estudos publicados na revista cientifica Frontier, foi mostrado como áreas próprias para o cultivo foram alteradas por condições climáticas que tornaram impossível a sobrevivência das plantas. Aqui vamos focar nas lavouras de café arábica.
De acordo com a OIC (Organização Internacional do Café), a produção mundial de café cresceu 0.1% em 2023, ano em que o déficit nos estoques globais chegou a 4,9 milhões de sacas de 60kg. Por outro lado, os dados do consumo de cafés crescem, o mundo consumiu no ano passado 173 milhões de sacas contra uma produção que chegou a 158 milhões de sacas.
Afinal, o que ocorre nas lavouras? Para o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que apontou no seu último relatório para a safra 2024, o clima vai continuar a afetar a produção de café no mundo e apontou que os estoques mundiais serão os menores dos últimos 12 anos.
A Universidade de Ciências Aplicadas de Zurique, na Suíça, mostrou em estudos científicos de 2022, uma previsão em que vai ter uma diminuição de 50% das áreas aptas ao cultivo de café até 2050. Em outra pesquisa, estudos feitos na Alemanha, pela Universidade Humboldt de Berlim, também apontam que 49% até 85% nas áreas próprias para a produção de café arábica no Brasil vão ser extintas por causa de fatores climáticos.
Mas como o calor pode afetar tanto o café, já que a planta é de origem africana. A revista científica Frontiers in PlantScience apontou que a planta é sensível a grandes variações climáticas e que sua origem é em meio a florestas africanas com temperaturas amenas durante mais de 50 milênios.
BRASIL – Atualmente o Brasil é responsável por 33% da produção mundial e as exportações dos grãos produzidos por aqui chegam em 152 países. A safra 2023/2024 de café no Brasil, principal produtor mundial, enfrenta desafios e incertezas significativas. Com base nas últimas informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), espera-se que a colheita atinja aproximadamente 58,9 milhões de sacas de 60kg. Essa previsão é suportada pelo aumento projetado na produção tanto de café arábica, com uma estimativa de 40,9 milhões de sacas, quanto de café canéfora, esperando-se alcançar 18 milhões de sacas.
O Conselho Nacional do Café (CNC), destacou em dezembro (2023) a incerteza que envolve a safra. Embora tenhamos visto chuvas durante o período de enchimento dos frutos, a constância e o volume dessas precipitações permanecem trazendo preocupação. As previsões meteorológicas instáveis adicionam um elemento de incerteza, tornando difícil fazer projeções precisas para o desempenho da produção.
No seu último boletim de 2023, a Organização Internacional do Café (OIC) alerta para o impacto do clima na produção global de café. A queda dos estoques mundiais em 2023 foi de 4,9 milhões de sacas, destacando os desafios enfrentados em diferentes regiões produtoras, diz a entidade.
Assim a safra de café 2023/2024 no Brasil enfrenta uma combinação única de fatores, desde condições climáticas imprevisíveis até desafios econômicos globais. Os produtores devem estar atentos a cada desenvolvimento, buscando adaptar estratégias para lidar com as incertezas e garantir a sustentabilidade desse setor essencial para a economia brasileira e global.
(Na próxima edição vamos abordar o levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 18 de janeiro e o balanço do Cecafe sobre as Exportações de café do Brasil em 2023)
(COLABOROU: VALÉRIA VILELA)