Faleceu, aos 76 anos de idade, em 29 de agosto último, no Hospital Santa Lúcia, em Poços de Caldas, onde se encontrava em tratamento de saúde, o empresário e ex-vereador da cidade de Guaxupé, João Carlos Dias, mais conhecido por João Pombo.
Ele era portador de diabete e a alguns meses passados passou por um procedimento cirúrgico para eliminação de três hérnias e vinha se restabelecendo bem. Em virtude das complicações provocadas pela diabete, João passou a apresentar problemas cardíacos e renais, tendo sido internado na Santa Casa de Misericórdia de Guaxupé. Em 18 de agosto passado ele foi transferido para o Hospital Santa Lúcia, onde deveria passar por um cateterismo. Infelizmente o quadro clínico se agravou, tendo ele sido transferido para a UTI, Unidade de Tratamento Intensivo, daquele hospital, até que veio a óbito na quinta-feira, 29.
João Carlos Dias era filho dos saudosos João Dias Filho e Regina Gallo Dias, era casado com a senhora Maria Cândida Dias e deixa os filhos: Ana Elisa, Adriana, Elaine, Emerson e Eder.
Ele iniciou sua vida profissional ainda muito jovem como aprendiz de tapeceiro. Graças aos seus ingentes esforços adquiriu sua oficina própria atuando nos mais variados ramos da tapeçaria, especializando-se na restauração do revestimento interno e nos bancos de veículos antigos.
Em décadas passadas, a convite do saudoso Padre Olavo Amadeu de Assis, João ministrava aulas de tapeçaria na hoje extinta Escola Profissional Nossa Senhora Aparecida, oportunidade em que muitos jovens aprenderam a profissão. Muitos destes jovens se tornaram funcionários de montadoras de automóveis no chamado “ABC” e outros instalaram suas próprias oficinas, trabalhando como autônomos.
Ao longo de mais de seis décadas, com um trabalho de excelência, João Pombo se tornou uma referência em boa parte dos estados de Minas e São Paulo no tocante à tapeçaria automotiva.
Com o crescimento dos negócios, ele implantou uma ampla e moderna oficina em prédio próprio, no Recreio dos Bandeirantes, onde era feita a restauração da tapeçaria dos veículos, além de outros serviços.
Ele também se dedicou à política tendo exercido um mandato de vereador na legislatura 1989/1992. Foi candidato a prefeito de Guaxupé pelo PT. Posteriormente ele filiou-se ao PP, onde foi presidente do diretório municipal.
João Pombo também teve fundamental participação no Comitê Pró Hemodiálise, entidade que conquistou o Centro de Hemodiálise da cidade de Guaxupé para atendimento de pacientes da região.
Espírita convicto, ao longo de toda a sua vida ele se dedicou a caridade, dando assistência espiritual em várias casas espíritas, além de ajuda material aos necessitados.
Como ele era muito procurado por pessoas que passavam por problemas espirituais, João dedicou uma das salas de sua empresa para atendimento gratuito a todos que o procuravam, até mesmo no horário de expediente de trabalho.
Em virtude da morte de João Pombo, no dia 30 de agosto, o prefeito de Guaxupé editou o decreto municipal nº 2.914, decretando luto oficial no município por três dias fundamentando que “João Carlos Dias sempre trabalhou dedicando-se à comunidade guaxupeana no decorrer de sua vida como cidadão e vereador”.
Seu corpo foi transladado para Guaxupé, sendo velado, no dia seguinte, na Capela do Lar São Vicente de Paula, onde uma verdadeira multidão foi prestar-lhe as últimas homenagens, e as condolências à família enlutada. Diante do féretro foram entronizadas dezenas de coroas de flores encaminhadas por amigos, entidades e associações de classe.
As exéquias foram presididas pelo Padre Alexandre Gonçalves, pároco da Paróchia Nossa Senhora das Dores do Guaxupé, e o cerimonial contou com o pronunciamento de diversos oradores, inclusive João Greco e o historiador e colaborador deste jornal, Wilson Ferraz, que enalteceram as qualidades do ora extinto.
Ao final de cada pronunciamento a multidão silenciosa retribuía com uma longa e calorosa salva de palmas.
Na sexta-feira, dia 30, a partir das 15h00, o corpo foi conduzido, com grande acompanhamento, ao cemitério da Praça da Saudade, onde foi sepultado em jazigo da família.
Pronunciamento de Wilson Ferraz:
Esta deveria ser a hora de nos calarmos para que, através do nosso silêncio, pudéssemos ouvir somente o pulsar dolorido de nossos corações. Entretanto não seria justo que na hora em que João Carlos paga o seu tributo à morte, e no instante em que a terra guaxupeana se abre para receber seu corpo inanimado, os seus companheiros de décadas se silenciassem e não te rendessem, nesta hora extrema, a nossa homenagem de estima, de amizade, e de saudade.
Assim, permitam-me senhoras e senhores, nesta hora de tamanha dor, trazer as minhas humildes e modestas palavras de despedidas a este grande companheiro de lutas e conselheiro, principalmente nas horas mais difíceis, pois João Pombo recebeu da Espiritualidade Superior a maior das mercês que um ser humano pode receber, a capacidade de mediar conflitos, acalmando os ânimos, e promovendo a paz entre os homens.
João foi um homem que teve a vida voltada para o lar, pois alongou uma tradição de honradez e de piedade cristã que é o solário de sua família. Assim ele soube dar aos seus aquela doçura do diálogo manso em que as vozes ressoam do coração, marcando atitudes amplas de bondade, de amor, e de compreensão.
A todos procurou servir sem reservas. Quantas vezes ele sobrepôs aos seus interesses as aspirações dos amigos e daqueles que lhe pediam ajuda nos momentos de dificuldades e de aflições. E quantas outras vezes fez suas as aflições dos que lhe procuravam ajuda ou um conselho amigo. E ele fez tudo por amor ao próximo, sem arrogâncias, mas com a tranquilidade de quem quer servir e consolar por amor.
Sempre bem humorado, mesmo nas horas difíceis, manteve João aquela atitude que o caracterizou e que o tornou forte e otimista, pois para todas as situações tinha ele aquela atitude alegre de homem generoso e satisfeito consigo mesmo.
Quando se dedicou à política marcou a sua atuação pela fidelidade aos seus líderes sem jamais desmerecer a estima dos adversários.
Guaxupé deve aos teus esforços profissionais uma parcela de bons serviços prestados que não serão esquecidos. Na história e no progresso desta cidade figurarão sempre o nome de João Pombo e o seu trabalho.
Assim, a morte retira de entre nós um homem que sempre soube dignificar uma geração pela correção de todos os atos de sua vida. Perde a sociedade um valor de alto gabarito moral e intelectual que nunca deixou de maneira humilde e sincera de honrar o meio em que viveu, não só através de exemplos os mais dignificantes e pela sua conduta altamente equilibrada. Até mesmo a comunidade Espírita deixa de contar com um súdito de uma piedade inimitável e de uma fé viva e ardente. Perdemos nós, aquele amigo sereno e delicado que jamais deixou de nos assistir em todas as horas, não só nos apontando os caminhos claros e abertos da vida como ainda nos ensinando a sermos úteis à Pátria, à família e à sociedade.
Terminada está a sua missão aqui no plano terreno, agora está iniciando uma outra jornada junto à Espiritualidade, dessa espiritualidade que o fez humilde, honrado, digno, caridoso e bom.
(Colaborou: Wilson Ferraz – Guaxupé)