Repatriação de brasileiros do Líbano, uma dívida de gratidão

Share on facebook
Facebook
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on email
Email
Share on print
IMPRIMIR
Share on facebook
Share on whatsapp
Share on email
Share on print

Os constantes ataques do Estado de Israel contra o Líbano, além de provocar destruição, ainda está matando a população civil, que nada tem a ver com o grupo terrorista Hezbollah que está retaliando o povo judeu. Em virtude deste confronto armado alguns brasileiros residentes no Líbano já morreram, outros ficaram feridos e os que ainda permanecem em território libanês se veem na mira do terror. Nestas circunstâncias, mais de três mil brasileiros já solicitaram ajuda na embaixada do Brasil em Beirute, capital do Líbano, para serem repatriados.

Atendendo a justa reivindicação dos que lá estão, o governo brasileiro já disponibilizou aviões da FAB, Força Aérea Brasileira, para recondução destas pessoas e de alguns poucos animais de estimação.

Como se sabe, o Brasil tem uma dívida de gratidão impagável, principalmente para com os povos sírios e libaneses, uma gente que fez da nação brasileira a sua terra e que tudo fez para trazer o progresso e o desenvolvimento, alavancando principalmente o comércio.

A maioria destes brasileiros que lá estão são descendentes de antigos imigrantes que para cá vieram a partir da década de 1890.

Os primitivos imigrantes libaneses, quando aqui aportavam, a partir das pontas de linhas férreas, se iniciavam na atividade comercial como mascates vendendo seus produtos principalmente nas fazendas e comprando do colono o que ele tinha de sobra do gasto, era uma espécie de escambo.

Após a libertação da escravatura, o colono italiano, acostumado com o trabalho pesado na lavoura, só conseguia permanecer na zona rural porque os mascates sírios libaneses lhes forneciam o que eles necessitavam e ainda praticavam uma espécie de escambo, pois do contrário a maioria não tinha como adquirir as mercadorias que necessitava.

 A custa de muito esforço, dedicação e amor ao comércio os primitivos mascates se estabeleciam com pequenas casas comerciais nas entradas das cidades e à medida que iam progredindo transferiam suas lojas para pontos melhores localizados até chegarem no centro das cidades.

 

Em Guaxupé

Assim como no resto do país, em Guaxupé não foi diferente. Depois de amealharem algum recurso financeiro como mascates, instalavam suas pequenas “vendinhas” no bairro chamado “Córrego do Sapo”, trecho atualmente compreendido entre o final da Rua Dr. Jeremias Zerbini e o Trevo de acesso à rodovia Br. 491, posteriormente transferiam-se para a “Rua do Taboão”, até que finalmente se instalavam na Avenida Conde Ribeiro do Valle.

Na década de 1920 as maiores e melhores casas comerciais de Guaxupé eram de propriedades de sírios e ou de libaneses. Naquela época além do comércio varejista eles também se dedicavam ao atacado como distribuidores de produtos de grandes indústrias.

Em 1929, o Brasil mergulhou na maior crise econômica de sua história, a baixa na cotação do café no mercado internacional levou os fazendeiros à ruína financeira e a situação só não foi pior graças aos comerciantes sírios e libaneses, que perderam parte de seu capital de giro, porém continuaram a dar crédito aos fazendeiros.

Naquela época muitos jovens guaxupeanos estavam estudando em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, e com a ruína financeira de seus pais, a paralização dos estudos e o retorno a Guaxupé era inevitável. Sabendo desta triste realidade, mais uma vez os comerciantes sírios libaneses deram a sua valiosa colaboração, não permitindo que os jovens paralisassem os estudos.

Os comerciantes locais entraram em contacto com os patrícios estabelecidos nas grandes cidades para que estes custeassem os estudos dos jovens guaxupeanos que lá estavam. Assim os comerciantes locais iam pagando os patrícios. Posteriormente os familiares dos jovens estudantes iam pagando o financiamento dos estudos dos filhos com mercadorias, fossem cereais, café, suínos para o abate, cabeças de gado, entre outros produtos.

O preço do café só veio a reagir a partir de 1946 e nestes quase 17 anos Guaxupé só não “desapareceu do mapa” graças ao heroísmo, a compreensão e o amor que os sírios libaneses dedicaram à terra que eles adotaram como sua.

 

Empresas remanescentes

Atualmente, em Guaxupé, apenas quatro empresas fundadas por imigrantes sírios libaneses sobreviveram ao longo dos últimos 80 anos, apesar de terem mudado a razão social, a Serraria Guaxupé (Madeireira Nehemy), Viação Nasser (Tuga – Viação Guaxupé), Comercial Jorge (Nacional Auto Peças), e Rádio Clube de Guaxupé.

A Madeireira Nehemy foi fundada por João Nehemy no início da década de 1940, até então ele fornecia carvão para as siderúrgicas e a partir de então iniciou a compra de madeira bruta e o comércio de madeira desdobrada.

A primitiva Viação Nasser foi fundada pelos irmãos Jamil e Eduardo Nasser, a partir da aquisição das linhas de ônibus que faziam o percurso Guaxupé/Santa Cruz das Palmeiras, até então concessão de Silvino Guidorizzi. Empresa dedicada ao transporte de passageiros, ela também é a concessionária do transporte coletivo urbano de Guaxupé.

A Nacional Auto Peças foi criada por Jacó Jorge, com a aquisição de um fundo de comércio de auto peças. Atualmente a empresa encontra-se sob a égide de seus netos, Rogério e Reinaldo Jorge que expandiram a atividade da empresa fornecendo autos peças para uma vasta região sul mineira.

A Rádio Clube de Guaxupé foi fundada, em 1947, por um grupo de acionistas liderado pelo Dr. Benedito Felipe da Silva. Em 1º de junho de 1951 a emissora foi transferida para os também descendentes de sírios libaneses, Nabih Zaiat e Kaled Cury. Atualmente a empresa encontra-se sob a égide do neto de Naby, Rafael Zaiat.

 

Ibraim Saad Neto

Dentre os atuais comerciantes sírios libaneses estabelecidos em Guaxupé, Ibraim Saad Neto se destaca pois ele verdadeiramente trás no sangue a arte do comércio, sabe cativar e valorizar o cliente, acima do interesse financeiro ele dá preferência em bem servir o cliente a tempo e a hora, fazendo prevalecer a amizade e o respeito a todos que demandam de seus serviços.

 

(Colaborou: Wilson Ferraz) 

Notícias Recentes