Professor, Diretor e o primeiro servidor a ocupar o cargo de Reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, Rômulo Eduardo Bernardes da Silva foi protagonista dentro de um contexto de grandes transformações.
Filho de Leônidas Alencar Bernardes da Silva, servidor da Escola Agrotécnica de Muzambinho, Rômulo desde cedo participou de eventos e comemorações desta instituição, tornando-se um importante personagem dos 70 anos da Escola Agrotécnica/IFSULDEMINAS.
Nascido e criado em Muzambinho, completou seus estudos nesta mesma cidade; onde cursou Educação Física na Escola Superior de Educação Física; posteriormente, concluiu sua especialização em Ciência do Movimento.
Seu objetivo era o de dar continuidade ao trabalho de seu pai como professor de Educação Física da Escola Agrotécnica.
Após ser aprovado no concurso, em 1983, iniciou uma longa e frutífera carreira no serviço público.
Rômulo conta que sua paixão pela educação física e esportes começou bem cedo, ainda na infância, quando ele teve a oportunidade de participar de desfiles de 7 de Setembro promovidos por esta escola, que eram bastante grandiosos naquela época; Além disso, Rômulo recorda sua participação nas equipes desportivas em se inseriam os filhos de funcionários. Iniciou-se no judô, que era ministrado pelo professor Ivan de Freitas, e a prática dessa arte perdurou até a vida adulta.
Ele enfatiza ainda que o desfile de 7 de setembro era um marco para os estudantes, e que todos estavam empenhados em fazer o melhor, independente de qualquer coisa, e que havia uma interação muito grande entre a escola e o município de Muzambinho.
Além da Agropecuária, Rômulo recorda a força do esporte dentro desta instituição, cujas aulas de Educação Física eram intensas e obrigatórias. De acordo com o servidor aposentado, todos participavam dos campeonatos, fossem alunos ou funcionários, e vários atletas se destacaram, fossem de futebol, basquete, judô ou atletismo.
“Participei de vários campeonatos na região. O nosso futebol era de altíssimo nível, e tínhamos jogadores que poderiam ter sido profissionais, mas a situação não era a mesma de hoje”, conta Rômulo.
Em 2002 tornou-se diretor, e ele acredita que o fato de ter passado por vários setores, conhecer bastante a escola, ter tido um bom relacionamento com alunos e servidores contribuiu para que alcançasse esse posto. Inclusive, ele recorda alunos, servidores e professores como parte de uma grande família, pois todos passavam a maior parte do tempo na escola, sempre se empenhando pelo bem da instituição.
Em 2006, Rômulo foi reeleito diretor e inicia seu segundo mandato.
Ao longo de seus dois mandatos foram desenvolvidos vários projetos, como o Laboratório de Bromatologia, os alojamentos, as quadras de esporte, os tatames da sala de musculação, dentre outros.
Foi um período com grande liberação de recursos, então a escola era praticamente um “canteiro de obras”, nas palavras de Rômulo.
“Saímos de uma pequena escola de Educação Física e depois para a Reitoria como um dos Institutos mais fortes que existiam, com uma das maiores fontes 250 do país”, diz ele.
Quanto aos cursos implantados durante sua gestão, ele cita o de Informática, Agronomia – uma ideia compartilhada com o Professor Luiz Carlos Machado Rodrigues – e Enfermagem, que aconteceu durante sua gestão na Reitoria; Houve também uma série de melhorias nos setores, segundo ele, como a implementação de biodigestores no setor de suinocultura, bem como a agroindústria e as oficinas.
Ele reforça que todos os feitos foram possíveis porque havia uma participação em massa da comunidade escolar, pois todos tinham o bem da instituição como interesse em comum. Graças a isso, segundo Rômulo, todos puderam presenciar um grande salto no número de alunos e servidores desta instituição.
A transformação da Escola Agrotécnica em Instituto Federal aconteceu em 2008, quando Rômulo estava na direção, e este foi um período bastante desafiador segundo o ex-servidor.
Conforme ele relata, o objetivo originário era o de que esta instituição se tornasse uma Universidade Federal, mas com a proposta de criação dos Institutos Federais, os servidores ficaram divididos, não havendo um consenso à época. Por sua vez, Rômulo entendeu que seria importante para a instituição a transformação em Instituição Federal, e deu continuidade à tal mudança.
Foi então que se juntaram as três escolas agrotécnicas – Muzambinho, Machado e Inconfidentes – para formar o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, tendo Rômulo como o primeiro Reitor, nomeado em 2009. Essa nomeação interrompeu seu mandato de Diretor, cargo que foi então ocupado pelo Professor Luiz Carlos Machado Rodrigues.
A cidade de Pouso Alegre foi a escolhida para sediar a Reitoria, e foram deslocados servidores dos três campi para compor o quadro de funcionários e, assim, dar início às atividades. Como ainda não havia um local definido para a sede da Reitoria, foi alugada uma casa e os servidores levaram os próprios pertences para que o trabalho pudesse ser realizado.
Depois, foram sendo criados os demais campi que hoje compõem o IFSULDEMINAS.
Um marco na história do Campus Muzambinho, de acordo com Rômulo, é que este foi o primeiro Instituto Federal a agregar uma Escola de Educação Física, fugindo um pouco da abordagem da agropecuária.
Segundo Rômulo, o processo foi mais rápido do que esperavam, mas como seríamos pioneiros em integrar um curso completamente diferente à rede de escolas agrotécnicas, a situação foi um pouco incômoda.
No entanto, Rômulo afirma que essa integração foi um grande marco da época, pois ninguém acreditava que daria certo.
A Educação a Distância surgiu na época em que Rômulo ocupava o cargo de Reitor, e Muzambinho desejava ser referência. Mas quem ficou responsável pela gestão desse projeto foi o professor Luiz Carlos que estava como diretor à época.
Como reitor, Rômulo acompanhou o movimento de implementação do Ensino a Distância nas instituições federais, e tem grande orgulho em ver como, segundo ele, Muzambinho perseguiu o sonho de se tornar referência neste nicho.
Em 2011, Rômulo voltou ao Campus Muzambinho para retomar suas atividades como docente da Educação Física, aposentando-se no ano de 2018.
Para os jovens, Rômulo diz que “aproveitem a oportunidade de vir para o Instituto Federal, porque é uma oportunidade rara, e tem muito a oferecer.
E aos professores: façam com que seus alunos se sintam importantes aqui dentro e mostrem a eles que eles são capazes e que o nosso futuro depende deles e depende diretamente do professor que vai dar esse recado para que eles sejam grandes no futuro.”
Texto: Lucienne Granatto
Revisão e edição: Cláudio Vieira
Fotos e entrevista: Karina Maria