As parreiras da propriedade de Jorge Vasconcelos, no bairro São Domingos, município de Muzambinho, estão em estado de dormência nesta época do ano. Durante a produção, um pé chega a produzir até 3 quilos de uvas que são compradas pelos vizinhos. Já uma parte da produção, seu Jorge destina a preparar vinho artesanal.
A bebida é para o consumo da família. Antes de começar a produzir vinho, foi fundamental buscar ajuda e informações. Jorge sempre se interessou em produzir a bebida de forma artesanal, como os primeiros italianos faziam. “Eu busquei apoio técnico na Epamig, para a plantação, também tive a orientação de profissionais na produção do vinho. O engenheiro agrônomo Murilo de Albuquerque, formado pela Universidade de Bordeaux e com PHD em seleção clonal de videiras (Montpellier), ex-EPAMIG e hoje dono do viveiro de videiras VITACEA e consultor foi quem me ajudou muito. Estudei e conversei com muitas pessoas que já produziam. Essa receita que faço aqui é a original de uma família de italianos de Tietê (senhor Edivaldo Pascoli) que me ensinou”, disse.
O vinho é feito a partir do mosto de uva, que passa por um processo de fermentação natural através da ação de leveduras que transformam açúcar presente na uva em álcool e gás carbônico. Quando não há mais açúcar no líquido, as leveduras morrem e a fermentação termina, conta Jorge que acrescenta que não se pode esmagar a semente, é preciso amassar a uva sem ferir a semente.
A produção de vinho e uvas chamou a atenção do departamento de agricultura do município que foi conhecer o trabalho do produtor. Edna Costa, diretora de agricultura foi saber como a atividade pode ser uma alternativa de renda para os produtores. “Ouvi e vi como é possível que uma família invista, cuide e tenha uma renda alternativa. Temos a parceira com o IFSULDEMINAS, Campus Muzambinho que tem um setor de fruticultura e pode nos auxiliar na produção de mudas. É importante buscar alternativas para que a agricultura familiar possa ter outras fontes de renda além da safra do café. E Jorge provou que é possível”, disse Edna.
O vinho produzido pelo delegado aposentado é sem aditivos químicos. Depois de 4 meses fermentando, é hora de engarrafar. Antes, porém é preciso higienizar bem as garrafas para evitar que a bebida estrague. Quando a bebida escorre pela garrafa, um aroma exala e perfuma o ambiente. As uvas usadas são a Niágara e bordô, que são de mesa e também podem ser usadas pra elaboração de vinho.
E o sabor é bem diferente dos vinhos comerciais que possuem produtos para a conservação.
“Como é uma bebida alcoólica é preciso saber apreciar sem exageros”, orienta Jorge que brinda em um cenário com uma bela paisagem do bairro São Domingos.
(COLABOROU: VALÉRIA VILELA)