É neste tempo de inesgotável esgoto a céu aberto em que estamos metidos até o pescoço! Tempo de alucinada parvoíce e canalhice pela busca de votos é que resolvi apresentar, aos meus caros leitores, os quintais de duas mulheres que muito me amaram: a vó Balbina Bueno de Podestá, modista (leia-se costureira) e a vó Maria de Luna Botelho, professora de Português. Foi em um tempo de quintais e de pardais; tempo em que o tempo se chamava bom demais! O quintal da dona Maria era amplo, muito verde; e produzia peras, bananas, goiabas, jambos e mangas, além de verduras. Já o quintal da dona Balbina era menor e só produzia jabuticabas. Eram 16 pés de abundante safra nos meses de Setembro e Outubro de cada ano. Nesse período de tempo ela alugava as jabuticabeiras aos comedores da cidade; e que esganados, as comiam com caroço e tudo. Resultado: intestinos entupidos! Os pardais, pequenos pássaros de cor cinza e bicos grossos “testavam e aprovavam” todas as frutas! Já adulto e independente, eu ia visitá-las sempre que podia. A vó Balbina fazia, a cada visita, duas camisas sob medida com dois bolsos grandes. E a vó Maria, ao ver as camisas, dizia enciumada: “Arremate muito ruim!” Não tem mais como voltar ao tempo dos quintais e dos pardais. É que a vida segue sempre em frente; o que se há de fazer!
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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