O Outono é a estação de minha preferência. Estação do tempo; e do meu tempo! Está chegando um vento frio pela manhã, e o céu está limpo e o Sol claro e forte. Centenas de sabiás – chamadores de chuva – ficam empoleirados nos fios dos postes das ruas. Acabou o Verão. E os ventos do Outono carregam as folhas caídas das árvores, assim como o tempo vai mexendo com as minhas lembranças. E fico a lembrar da Fazenda Monte Cristo da minha bisavó América Bueno Alves que ficava próxima a Monte Belo ao Sul de Minas Gerais. Guardo para sempre sensíveis lembranças: o gato preto sonolento; o bambuzal ao fundo da casa principal; a talha úmida, maternal, cheia de água fresca; as vacas mansas e o leite a jorrar para dentro do balde; o cheiro fresco das bostas dos cavalos; as árvores frutíferas e os passarinhos saciados! Todavia, o Outono chegou. Vamos ter que fechar as janelas à noite por causa da chuva; e o vento frio vai arrancar as folhas das árvores; e as folhas secas, no dia seguinte, vão ficar no chão. São as folhas mortas, tão bem descritas em apenas em uma das estrofes da composição musical do francês Jacques Prévert: “Les feuilles morts se ramassent à la pelle; les souvenirs et les regrets aussi! (As folhas mortas são apanhadas com a pá; memórias e arrependimentos também!) – É isso.
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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