“Leia este livro pelo menos umas quatro vezes!” – Foi o que me disse, com aquela sua voz de barítono, o saudoso amigo Samuel de Assis Toledo, médico e filósofo, ao me presentear com uma edição antiga de “O Banquete” do filósofo grego Platão (428-348 a.C.). Em “O Banquete”, Platão ensina o que é o amor em sua essência. Demorei muitos anos para poder compreender que o amor é um determinado tipo de educação. E Platão assegura: “Você não pode amar alguém se não quiser ser educado por esse alguém!” – E, claro, isso significa que uma pessoa precisa se unir a alguém que contenha um pedaço fundamental que falta à sua evolução, isto é: qualidades que ainda não obteve. Platão acreditava na educação de maneira apaixonada. Ele queria, já naquele tempo – antes de Cristo – reformar a grade curricular de ensino! O principal, ele ensina em “O Banquete,” não é aprender apenas Matemática ou Ortografia (leia-se escrever de forma correta), mas sermos bons para aprender a ter coragem, auto-controle, sensatez, independência e calma. Para colocar tudo isso em prática ele fundou em Atenas uma escola que deu o nome de Academia. Ela existiu durante mais de 400 anos. As pessoas iam lá somente para buscar aprender a viver bem e a morrer bem. – E como é triste constatar que as modernas instituições acadêmicas tenham acabado com essa busca. O que se busca nas academias (de hoje em dia) é a cultura ou o cultivo do corpo físico! – Se um estudante aparecer na Universidade de São Paulo – USP – querendo aprender a viver (ou a morrer bem) os professores vão chamar uma viatura policial ou uma ambulância para prendê-lo ou amordaçá-lo! – Não há como fugir da realidade. Ela é mais presente que os sonhos . Todavia, a esperança é crônica!
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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