De tanto escrever, mais por teimosia, acho que acabei caindo – ou subindo – nas mentes das mulheres! Margareth Kolbe, uma leitora desses meus artigos e crônicas que também são publicados no Jornal Zero Hora de Porto Alegre envia a seguinte frase da escritora Clarice Lispector para que comente: “Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível , é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador”. – Mas, que responsabilidade ter que comentar! Clarice Lispector mostra com essa frase a importância da escrita como forma de compreensão e expressão das emoções mais aprofundadas. Escrever é dar voz ao indizível. Acho que escrever é o registro da luta para preencher a lacuna entre as palavras e os objetos que eles representam. Recebo o pedido da leitora como que um gesto de atenção e consideração! Me faz lembrar do poeta anglo-americano Wystan Hugh Auden. Quando lhe perguntaram qual foi o melhor elogio que recebeu sobre o seu trabalho, respondeu: “Veio de onde menos se espera. Uma amiga minha, Dorothy Day, estava numa prisão para mulheres por ter tomado parte num protesto. Bem, nesse lugar, uma vez por semana, aos sábados, as moças eram levadas para o banho. Um grupo estava sendo escoltado para lá quando uma delas, uma prostituta, anunciou em altos brados: Hundreds have lived without love; but none without water! (Centenas viveram sem amor; mas ninguém sem água!) – Era um verso de um poema meu que acabara de sair no The New York Times. – Quando ouvi essa história, soube que não escrevia em vão!”
Escrever diz respeito somente ao que se passa entre o leitor e a página; é mais que associar palavras e ideias, mas buscar uma sintaxe que faça chegar ao leitor (a) um entendimento com simplicidade, objetividade e, se possível, com alguma iluminação poética!
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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