O capitalismo pode parecer normal ou inevitável, mas é claro que não é. Ele não vende as coisas que as pessoas precisam na realidade. Devido à imensa variedade de artigos de consumo disponíveis no capitalismo moderno, com naturalidade, as pessoas acreditam que tudo que podem querer está disponível para consumo. O único problema é que a maioria das pessoas não pode ou não tem meios para pagar. – E o que é preciso ter em primeiro lugar? Quatro coisas, a meu ver: Inteligência, compreensão, discernimento e calma. Isso está em dolorosa escassez e desconectado da economia, pois a ferramenta de manipulação de massa do capitalismo – a publicidade – explora os desejos ou anseios para vender ítens que deixam as pessoas mais pobres e, portanto, mais vulneráveis. Na verdade, elas precisam tomar consciência da insanidade cotidiana desde os primeiros sintomas, assim como as primeiras doenças. Os principais obstáculos ao progresso social são culturais e psicológicos – e não só econômicos e políticos. Tais obstáculos podem ser superados; e estão ao alcance os recursos de inteligência e tempo para garantir que todos possam dormir debaixo de uma moradia decente; obter instrução adequada e poder comer três refeições diárias e saudáveis. – Não é o que o Lula repete em seus discursos? – Resta saber como os trabalhadores e aposentados (homens e mulheres) podem viver – e conviver – com um salário mínimo miserável de 1.412 reais por mês. – Trinta dias! A única mudança permitida por esse capitalismo canibal é aquela sugerida pelo príncipe Falconieri de “O Leopardo”, livro do Giuseppe di Lampedusa: “Tudo deve mudar para que tudo fique como está!” – É o embuste do capitalismo. – Não há tempo e inteligência onde e quando não pode haver mudanças; e nem necessidade delas!
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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