Escrevo esta crônica com o pensamento voltado para a minha neta Rebeca. Ela completa em 6 de Maio próximo 18 anos. Quando fez 15, dei a ela o livro Don Quixote, traduzido e adaptado pelo escritor Walcir Carrasco; e com uma recomendação: Depois de lê-lo, vamos conversar a respeito! Mas, não leu e conversar, nem pensar! Talvez agora ela arranje um tempo para ler esta crônica. Ah, mas tem o celular: as pessoas até que ficam juntas, entretanto cada uma delas com o seu celular: representação máxima da carência de comunicação!
Apesar de todos os esforços, Miguel de Cervantes (1547-1616), autor de “Don Quixote de la Mancha”, foi incapaz de ganhar a vida como escritor e teve de encontrar outra forma de trabalho. Enquanto passava algum tempo como fiscal de impostos, ele deixa de recolher uma elevada soma ao tesouro, e é posto em uma prisão. Durante o longo tempo em que fica preso Cervantes escreve o seu livro. Publicado em 1605, essa monumental obra literária de ficção conta, de maneira muito engraçada, as fantásticas aventuras de Don Quixote, herói trágico, obcecado por romances de cavalaria. Envergando uma estranha armadura, Quixote parte em viagem montado em seu cavalo, o esquálido Rocinante, para defender os oprimidos e destruir os perversos; tudo em nome de seu verdadeiro amor, uma camponesa que ele passa a chamar de Dulcinéia. Depois da primeira expedição fracassada, Quixote volta e contrata o seu vizinho Sancho Pança como escudeiro. O que se segue é uma jornada épica de numerosos incidentes farsescos; entre eles o mais memorável: o ataque aos moinhos de vento que ele identifica como perigosos gigantes!
Pintores tão diferentes entre si como Gustave Doré e Salvador Dalí o retrataram. Mas, foi Pablo Picasso que desenhou – à lápis e nanquim -aquela que pode ser a imagem definitiva de Don Quixote e Sancho Pança.
– As pessoas precisam de ficção para poder aguentar a vida!
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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