Li, não me lembro onde, que numa separação quem não ama de verdade é que diz as palavras mais carinhosas. E há, com muita frequência, o equívoco mostrado por Machado de Assis em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”: “Manuela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis!”
“A mais exacerbada paixão amorosa pode degenerar em hábito com o passar do tempo. Um casal começa a conhecer-se porque, antes de tudo, não se conhece” – escreveu o psiquiatra Flávio Gikovate. E é verdade, tudo é surpreendente quando não se conhece. E quando já não tem mais surpresa, o amor pode morrer. E quando a morte emocional ou física chega, não há tempo. Não há tempo para a última palavra. Não há tempo para dizer as tantas coisas do amor.
A escritora francesa Anais Nin escreveu: “O amor nunca morre de causas naturais; morre porque não sabemos abastecer sua fonte!” É o acomodar-se ao hábito da desatenção como que um pesado ônus, repetitivo e tedioso cuja única saída é a morte, a tv, o celular ou o quarto separado!
Pelos olhos é que entra o amor, diz o ditado árabe. E ele exige qualidade de atenção. Abrir-se para a atenção e, sobretudo, para a consideração; questão fundamental do quanto de nosso passado esclarece ou escurece a respeito de nós mesmos.
– A gente nasce e morre só. E, talvez, por isso mesmo é que precisamos tanto de viver acompanhado. Todavia, que seja, pelo menos, em boa companhia!
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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