Foi no reinício da atividade escolar em Agosto – o mais cruel dos meses do ano! Ele me mostra um E-mail comunicando a sua dispensa como professor naquela instituição de ensino superior. Na verdade, uma das tantas faculdades “meia-boca” existentes neste país! O tal E-mail continha quatro parágrafos e três erros de sintaxe gramatical. Aos 68 anos de idade, esse meu colega de magistério sente na pele – e no bolso – toda a dimensão de um preconceito que tem afetado a vida das pessoas idosas. PhD pelo MIT – Massachusetts Institute of Technology – USA – com uma bem-sucedida passagem por empresas de porte, foi avisado por meio do tal E-mail que não poderia continuar mais lecionando por lá. Registre-se que nenhuma universidade brasileira está presente no ranking das 50 melhores e mais respeitadas do mundo. MIT é a segunda do ranking mundial. O comentário”à boca pequena” na sala dos professores é que a coordenação resolveu fazer uma “depuração inovadora por idade!” – E pensar que Oscar Niemeyer ainda tinha muito serviço com mais de 90 anos! Ele caminhava lento como que perdoando o tempo que se perde com imbecilidades como essa, entre tantas outras que avançam neste país infeliz e atrofiado. Um professor com a formação deste meu colega não pode ser tratado como um material obsoleto. E uma instituição de ensino assim não tem futuro. Não vai sobreviver!
Oscar Niemeyer, desde o início de sua longa e produtiva carreira, elegeu a curva como ponto central de seu trabalho, incluindo-a em todos os seus projetos. Na Catedral de Brasília, ele evitou as soluções usuais das catedrais escuras que lembram a dor e a culpa. Ele fez clara a galeria de acesso à nave, toda colorida, iluminada com seus belos vitrais transparentes. São dezesseis colunas curvas, idênticas e organizadas em círculo que se elevam com que num gesto de súplica! Eis aí o saber, a criatividade, a inovação e o conhecimento aplicado em sua essência! No ano de 1972, em que projetou a Catedral, Niemeyer já estava com 65 anos, isto é, em “rota perigosa de extinção por idade”. Na verdade, ele nos ensina a sonhar, mesmo com os pesadelos da desumana arquitetura deste país desnutrido. preconceituoso e violento. – E como tocar para a vida pra frente com esperança, amor e paz? – Bem, isso já é lá com o Vinicius de Morais, aquele professor de ciências naturais!
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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