Café: Exportar é o que importa

Share on facebook
Facebook
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on email
Email
Share on print
IMPRIMIR
Share on facebook
Share on whatsapp
Share on email
Share on print

Passados tantos anos, ainda me lembro da Fazenda Monte Cristo da minha bisavó América Bueno. Ela ficava no meio do caminho entre Muzambinho e Monte Belo – Sul de Minas Gerais. Era uma Fazenda de uns 400 alqueires e produzia café – um tanto para o consumo -, além de feijão, batata, hortaliças, frutas diversas e pequeno gado leiteiro. É com saudade que lembro daquele café e dos biscoitos de polvilho da bisavó, cada vez que me aproximava de lá! Nos ultimos meses, o preço do café tornou-se uma angústia para nós trabalhadores. Dependendo da marca, o quilo do produto tem chegado a mais de 50 reais. Em 1 ano, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP, o preço pago aos produtores aumentou 152%. – “O que foi tornará a ser; o que foi feito se fará novamente. Não há nada de novo debaixo do Sol”. – É a explicação do Eclesiastes 1:14 – Cap. 42 do Livro dos Salmos. No início dos anos 1950, as exportações de café representavam 2/3 das exportações do país. Foi o economista brasileiro Eugênio Gudin que inventou o aforisma “Café é Câmbio”. Em 1973, as exportações de café não chegavam a 20% do total.  – Havia café para toda a população, especialmente para a mais pobre que o consumia todos os dias. O custo social de defesa do café foi maior do que se pode pensar, pois manteve no mercado produtores ineficientes a gerar condições desfavoráveis ao desenvolvimento industrial do país. O governo pode reduzir o preço do café? – Não, o governo não tem controle sobre os preços, pois os preços são definidos pelo mercado. Isso faz parte desse Neoliberalismo (de prática infame) que defende a absoluta liberdade de mercado e uma restrição continuada à intervenção estatal sobre a economia. Para entender tamanho embuste é preciso recorrer ao grego, a única língua que o Diabo respeita! E, claro, para isso é que existem os idiotas para fazer funcionar esse Neoliberalismo. Mas, como se dá a construção desses idiotas? – Se dá por meio do empobrecimento da linguagem e de sua omissão de interação coletiva. A desvalorização do pobre, subjugado por um Salário Mínimo de 1.518 reais, por mês, fica excluído do café diário, sequer uma ou duas vezes no mês. Como é possível incluir 1 ou 2 quilos de pó de café ao custo de 99 reais? – “Abyssus abyssum invocat”, isto é, “Uma desgraça chama outra”. Então, afinal, para onde vai o dinheiro das exportações? – Ora, vai para a parte mais sensível do corpo humano dos especuladores: os bolsos!  Exportar é o que importa!

 

Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.

Visite o Site https//paulobotelhoadm.com.br

 

 

Notícias Recentes