Como apropriar-se do hardware da informática sem intoxicar-se com o seu software; com frequência a ressecar as nossas raízes culturais? – Operadores de trabalho são ativos que devem ser valorizados e não recursos a serem consumidos! A tecnologia (para os preguiçosos) tem sido o jeito de arrumar as relações de trabalho de tal maneira que não seja preciso muito esforço! Em uma de suas crônicas, Machado de Assis, o nosso melhor escritor, constata que na China existe tudo; e o que não existe é porque já existiu! – Em uma crônica de 1894 ele escreveu, em Latim, que, no fundo, quem tem razão é o Eclesiastes ao sacar uma de suas citações favoritas: “Nihil sub sole novum!” – Isto é, “Nada é novo debaixo do Sol!”
Trabalhadores ou operadores em suas relações de trabalho mudam com a atividade laboral de tal forma que elas se tornam apenas apêndices. – Por que? – Porque as concepções mentais são separadas do esforço físico segundo os capitalistas. São eles que concebem e desencadeiam as crises! O que importa é a estrutura pela qual essa tal classe luta dia e noite. Por isso, toda a estrutura das concepções mentais; e das relações de trabalho são organizadas segundo tais dirigentes. E a habilidade detalhista e inteligente dos operadores fica esvaziada; desaparece como uma coisa diminuta ou secundária. É esse trabalho massivo que constitui, em sua essência, o poder do patronato capitalista. Portanto, o capital não é uma coisa acidental, mas um processo em movimento. Quando o movimento cessa, o valor desaparece e o sistema desmorona. – É só lembrar do que aconteceu depois do dia 11 de Setembro de 2001 (dia do aniversário da minha filha Ana) – em Nova York: tudo ficou paralisado; os aviões deixaram de voar e as pontes e estradas foram fechadas! – Três ou quatro dias depois, percebeu-se que o capitalismo desmoronaria se as coisas não voltassem a se movimentar. – E a movimentação voltou com tudo!
A crise resultante da lucratividade deve-se unicamente às causas e efeitos desestabilizadores do dinamismo tecnológico que nasce da busca persistente por mais valor relativo, isto é, uma versão resumida que empurra o capitalismo para tecnologias que economizam trabalho, embora não dá para empurrar a tecnologia; ela tem que ser puxada!
– É o esforço de trabalho fonte de valor, afinal? – Acho que aqui entra o Sobrenatural de Almeida: aquele personagem que o dramaturgo Nelson Rodrigues invocava sempre para explicar o imponderável! – É isso.
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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