Romualdo, nascido no agreste de Pernambuco, foi meu aluno de Pós-Graduação em Engenharia da Qualidade e da Produtividade. Inteligente e muito esforçado, trabalhou como Analista de Produção em uma fábrica de caminhões do ABC paulista e que tem sua matriz em Estocolmo, Suécia. Ele me contou que conseguiu um estágio por 2 anos nessa matriz. Um colega sueco costumava pegá-lo de carro no hotel em que se hospedara por conta da empresa. Chegavam, todos os dias, bem cedo à fábrica e o colega estacionava longe do portão de entrada. Depois de vários dias assim, Romualdo não aguenta e pergunta: “Se chegamos mais cedo, por que você não estaciona mais perto do portão?” – E o colega responde: “Se chegamos mais cedo, temos tempo de caminhar um pouco; e quem chega mais tarde pode se atrasar e ter desconto no pagamento!” – Romualdo disse que não sabia onde ia enfiar a cara!
– E pensar que em qualquer capital ou cidade mediana deste nosso país tão metido à besta, é bem ao contrário! Pessoas que estacionam, em fila tripla, para esperar filhos na porta de uma instituição de ensino, agem com aquela conhecida e repetida arrogância: primeiro os meus; depois os teus! – Em decorrência, a preocupação com a educação e civilidade desemboca numa “ética de sobrevivência” que se situa entre o que é e o que deveria ser.
– A realidade vai sempre estar onde estiver a atenção que for dispensada. – É isso.
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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