“Nossa saúde não é negociável”
(OMS)
“A nossa saúde não é negociável”. Foi o recado curto e incisivo que a Organização Mundial da Saúde transmitiu, em relatório sobre as ameaças do aquecimento global, para a vida humana, às lideranças governamentais recentemente reunidas em Glasgow, Escócia, na Conferência Mundial do Clima.
Do relatório constam, segundo reportagem divulgada no JN, recomendações enfáticas relacionadas com a extrema importância de uma transição para a energia renovável e o desenvolvimento de sistemas de transporte sustentáveis e projetos urbanos saudáveis, com espaços públicos para caminhar e pedalar, por exemplo. No documento é sublinhado também que todo governo deveagilizar medidas para reprimir o desmatamento agressivo e reduzir o uso de fertilizantes e pesticidas.
Anexo ao relatório, a OMS divulgou uma carta aberta assinada por mais de 450 organizações que representam pelo menos 45 milhões de profissionais de saúde em todo mundo. “Prescrição para um clima saudável” foi a denominação dada à carta aberta, que cobra das autoridades seja intensificada a proteção ao meio ambiente. “Onde quer que a gente preste atendimento no mundo, em hospitais, clínicas e nas comunidades, a gente já está respondendo aos danos à saúde causados pelas mudanças climáticas.” – registra a manifestação.
A organização alerta ainda para o acréscimo alarmante de casos de doenças vinculadas às mudanças climáticas nos próximos dez anos. Prevê piora nos casos de câncer de pulmão, infartos e problemas respiratórios caso não haja redução nas emissões de carbono. O número de casos de doenças tropicais tende a subir assustadoramente em razão da elevação da temperatura.
Chama atenção também para as circunstancias de que às emissões de gases do efeito estufa são responsáveis pela morte anual de mais de sete milhões de pessoas. Issorepresenta um dos maiores desafios sanitários a serem enfrentados.
Tedros Ghebreyesus, diretor geral da OMS, afirma categoricamente que “Não podemos arcar com o custo de não fazer nada”.
A preocupação com as emissões lidera uma lista com treze desafios globais em saúde que a organização levantou. Entre eles estão a ampliação do acesso à saúde básica, a preparação das nações contra epidemias e um maior investimento em saúde preventiva.
Esta a lista dos desafios globais em saúde: 1. Trazer a saúde para dentro do debate climático; 2. Aumentar a atuação em áreas de conflito e crise; 3. Tornar o acesso a saúde mais justo; 4. Aumentar o acesso a medicamentos;5. Acabar com doenças infecciosas; 6. Preparar-se adequadamente para enfrentamento das epidemias; 7. Aumentar a proteção contra o uso de produtos perigosos na lavoura; 8. Mais investimento para profissionais da saúde; 9. Aumentar a segurança sanitária de adolescentes; 10. Ganhar a confiança da opinião pública;11. Dominar novas tecnologias para a saúde; 12. Evitar o uso indiscriminado de antibióticos; 13. Ampliar o saneamento básico.
A OMS exige que o acesso aos serviços de saúde seja ampliado em termos verdadeiramente globais. Defende uma assistência mais eficiente às populações de menor poder aquisitivo, as populações socialmente desassistidas. Diz ser preciso repensar, urgentemente, fórmulas que assegurem às populações periféricasutilização dos serviços básicos e complementares de saúde.
Lamentando o fato de um terço da humanidade não dispor de acesso a medicamentos e vacinas essenciais, aOMS fornece a estarrecedora informação de que, somente no ano corrente, quatro milhões de seres humanos perderão a vida por comprovada negligência nos tratamentos de doenças tropicais, que seriam facilmente evitadas pela imunização.
A OMS acenou também com uma próxima e arrasadora epidemia.
César Vanucci – Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)