Uma mãe, muito jovem, estava com os seus três filhos pequenos sendo mostrados – dia desses – em um programa de tv. O cenário era o de miséria absoluta dentro daquele casebre da periferia de Maceió – Alagoas, terra do presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira, um brutal agressor de sua ex-mulher! O filho mais novo dessa mãe chorava sem parar; estava com fome! A mãe pega uma panela com arroz – cozido no dia anterior – e dá um pouco para o menino. – Aí, não sei por que, me lembrei da Cena do Calvário: ” Stabat Mater, dolorosa, juxta cruce lacrimosa, dum pendebat Filius!” (Estava a Mãe, dolorosa, ao pé da cruz, de onde pendia o Filho!”) “São nossos todos os esquecidos que estão no mundo porque pertencem à nossa espécie!” – Disse José Mujica (o Pepe) que presidiu o Uruguai com muita competência e aprofundado senso de justiça!
Mas, o Brasil parou no tempo: ainda é o mesmo de quando D. João VI, o tímido, feio e inseguro monarca português que chega com a sua corte no Rio de Janeiro no ano de 1808, Em sua companhia vem aquela gente rica, analfabeta e sem educação! – E passa a ser a primeira minoria a submeter a maioria pobre e miserável deste país tão azarado! E fico, cada vez mais, convencido de que, de todas as desgraças que nos abateram, a mais grave são os trezentos anos de escravidão! – “Não há possibilidade de sobrevivência humana sem que haja pessoas para contar o que acontece!” – Escreveu Hanna Arendt, filósofa israelense. – E como dói contar; contar porque é (ou falta para contar) depois desses tenebrosos quatro anos de Jair Bolsonaro! – Todos nós sabemos em parte; talvez apenas uma menor parte de todo o embuste ocorrido! – É isso.
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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