Ele se chamava Baloubet du Rouet. Não era um cavalo qualquer, mas um Sela Francês, apropriado para provas de saltos com obstáculo. Um legítimo pulador.
Baloubet nasceu em 1989 e estava aposentado. Vivia em um haras próximo a Lisboa. “Se ele levar um coice da égua na hora do acasalamento, pode ficar aleijado para sempre!” – Foi o que disse seu dono, o português Diogo Coutinho. – Baloubet continuou dando lucro: uma ampola de seu sêmen chegou a custar 6 mil euros. Na verdade, Baloubet estava aposentado só das raias; continuava acasalando e evitando levar coice de égua!
O adestramento desse cavalo foi feito sem maus tratos (esporadas, chicotadas), mas com paciência, alfafa fresca, inhame, aveia e mel.
Montado pelo brasileiro Rodrigo Pessoa, Baloubet foi campeão olímpico de 2004 em Atenas, mas na olimpíada de Sidney, refugou no obstáculo. Ele era o favorito para a Medalha de Ouro, mas refugou e perdeu a Medalha.
Quem viu a cena, não esquece: em seguida ao refugo, Rodrigo apeou e deu um beijo no focinho do cavalo. – O gesto foi muito aplaudido.
Quando contei esse fato para um bestalhão, morador do balneário de Cabo Frio, ele disse: “Ah, se fosse comigo, esse cavalo ia levar uma tremenda surra!” – E falou alto, estridente – entre dentes – a expelir os perdigotos de sua intrínseca covardia!
O Evangelho diz que São Pedro negou a Jesus por três vezes; Baloubet se negou a pular o obstáculo por uma vez. – Ambos continuaram a ser amados pelos seus chefes!
Mas, como o tempo passa para todos os mortais, o tempo passou mais rápido para Baloubet du Rouet. – E o alazão das raias; raio de força e luz, apagou-se ao entardecer de um dia qualquer de 2018 aos 29 anos.
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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