Minha neta Rebeca, de 16 anos, mesmo quando vem me visitar não larga o seu celular por nada. E só conversa comigo aquilo que considera o essencial. E fico a me perguntar: qual é o “mistério” do celular? Sabe-se que o uso excessivo desse aparelho pode gerar transtornos psíquicos como ansiedade e depressão. E o transtorno já tem um nome: Nomofobia, que quer dizer medo de ficar sem o celular! Hipócrates, o grego sábio em saúde, dizia que a anatomia humana foi desenvolvida para manter-se em constante movimento. E, cá com os meus botões, fico a lembrar dos “mistérios” que a minha geração compartilhou com o caderno, confidente fiel. Mas, é o poeta Vinicius de Moraes que me faz rememorar algumas das inesquecíveis estrofes de seu poema “O Caderno”, a conferir: “Sou eu que vou ser seu colega, seus problemas ajudar a resolver; te acompanhar nas provas bimestrais, você vai ver. O que está escrito em mim, comigo ficará guardado, se lhe dá prazer. Sou eu que vou ser seu amigo, se você quiser, quando surgirem seus primeiros raios de mulher; e a vida se abrirá num feroz carrossel, e você vai rasgar meu papel. Serei de você confidente fiel, se seu pranto molhar meu papel. Só peço a você um favor, se puder: não me esqueça em um canto qualquer!”
– É que a vida, minha neta, segue sempre em frente; o que se há de fazer!
Por Paulo Botelho
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