“Eu te direi as grandes palavras, as que se conjugam com as grandes verdades; e que saem do sentimento mais fundo,
como os animais marinhos das águas fundas!” (Estrofe do poema “De Águas Lúcidas”, de autoria de Augusto Schmidt, poeta e diplomata).
Schmidt estivera muito angustiado naquela tarde de um dia do curto mês de Fevereiro de 1965. Por toda a manhã ele acompanhou Juscelino Kubitschek em um interrogatório no Quartel do I Exército do Rio de Janeiro. O interrogador, um jovem capitão: primário, arrogante. Ele queria informações sobre a “Conta na Suiça” de Juscelino. Como se sabe, Juscelino foi Presidente da República do Brasil no período 1956-1960. JK, como era mais conhecido, morreu alguns anos depois (pobre e doente) em um misterioso acidente de carro na Via Dutra. Ao final daquele interrogatório – ou circo – armado pela Ditadura Militar, Schmidt não voltou para casa; teve fortes dores no peito durante a tarde toda. Não querendo assustar sua mulher pediu ao motorista que rumasse para a casa de um amigo. E lá morreu de infarto depois de ouvir “Azulão”: “Vai Azulão, companheiro, vai; diz que sem ela o sertão não é mais sertão!” – Os versos são do poeta Manuel Bandeira e a música do compositor Jaime Ovalle.
Ao diagnosticar que o coração tem razões que a própria razão desconhece, Blaise Pascal, filósofo francês, quis dizer que emoções e sofrimentos são as causas dos efeitos de nossas alegrias ou tristezas.
– Poetas e escritores, como os cegos, podem enxergar na escuridão com alguma lucidez!
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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