O Idiota da Objetividade

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Muito indignado, ele reclama comigo de um seu aluno de Mestrado que lhe perguntara se o verbo confessar escreve com um “s” ou com “ç”? – E completa: “O que faço com esse cara?” – Respondi que não deveria tirar o pão da boca dele só por isso! E ainda perguntei: Qual é a sua idade? – Resposta: 54; e a do aluno? – Acho que uns 25, respondeu. Observei que quando ele tiver a sua idade vai ser muito melhor que você! Para concluir, perguntei: O Projeto de Mestrado dele tem adequada formulação teórico-metodológica? – Sim, foi a resposta. Sugeri, então, que o orientasse para a leitura dos clássicos, disponíveis nas dezenas de sebos da cidade de São Paulo, a preço de banana. – Ler muito é a melhor maneira de superar a mediocridade, acentuei!  Aí, fiquei a me lembrar do nosso melhor dramaturgo: Nelson Rodrigues. Nelson não foi além do segundo ano do Ensino Médio e, assim, definiu o Idiota da Objetividade: “Gente medíocre, acovardada e fraca. É essa turma que dá as cartas. Eles não escolhem palavras, não têm opiniões, não se importam com as sutilezas. Não apreciam uma melodia, a boa oratória, a poesia e a retórica. Se dizem refratários à política. E vivem como autômatos!”

Mas, como se dá a construção de um idiota? – Se dá por meio do empobrecimento da linguagem. E muita gente o ovaciona. Ele é a pessoa ideal para o funcionamento intenso do neoliberalismo: a absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção estatal sobre a economia. Por exemplo: Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, é um consolidado idiota da objetividade; e é, na verdade, um funcionário de confiança do “status quo” do mercado.  O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, esclarece: “O deus mercado sempre está certo. Quem melhor entende do vil metal? Nossa autoridade monetária voltou ao caminho da fé financista; viu a luz no caminho de Damasco: avenida Faria Lima!”

A mídia corporativa tradicional é um “puxadinho” do sistema financeiro que aí está!  Mais por profilaxia mental e bucal tenho evitado citar nomes. Outro deles, no entanto, não consigo evitar: trata-se do carioca Tarcísio de Freitas que ganhou a eleição para governar o Estado de São Paulo com 12 milhões e meio de votos. Tarcísio passa a impressão – aos olhos de seus eleitores – que é melhor que o seu padrinho Bolsonaro. Todavia, a única diferença entre eles é que Tarcísio sabe comer com garfo e faca; e não palita os dentes à mesa!

A desvalorização do povo subjugado por um salário mínimo nacional de 1.412 reais por mês, aumenta na proporção direta com a valorização dos insensatos idiotas da objetividade. Mas, o que fazer para desestruturá-lo? – Alguma coisa acaba de ser iniciada na Europa: vitória dos trabalhistas na Inglaterra e da centro-esquerda na França; ambas por eleições majoritárias. Sinais positivos de progressismo. Que suas luzes cheguem até nós. – É isso.

 

Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.

Visite o Site https//paulobotelhoadm.com.br

 

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