No Brasil, o uso indiscriminado de medicamentos e o hábito da automedicação são grandes problemas de saúde pública. No caso da pílula do dia seguinte o problema é ainda maior.
Uma pesquisa recente mostrou que as adolescentes estão abusando do uso desse medicamento. Este contraceptivo é para uso em situações de emergência, como situações em que o método contraceptivo de uso regular foi esquecido ( esquecimento de uma ou duas pílulas), rompimento de preservativo ou ainda situações de violência sexual. Não deve ser usada como forma corriqueira de contracepção, muitas vezes por pura irresponsabilidade!
A forma de ação da pílula de emergência depende do momento do ciclo que ela foi utilizada, se antes ou após a ovulação.
A taxa de falha do método, quando usado isolado como contraceptivo, é alta, cerca de 3,2%, se comparado à taxa de falha dos métodos contraceptivos de uso regular como as pílulas orais hormonais , injetáveis hormonais e os métodos de longa duração LARCS , ou seja, o Diu de Cobre e o SIU de progesterona, cujas falhas são estabelecidas pelo Índice de Pearl, variando entre 0,2 à 0,6 falhas em 100 mulheres durante 1 ano de uso correto do método contraceptivo regular.
A taxa de falha da Pílula de Emergência ainda aumenta com o tempo decorrido entre a relação sexual desprotegida e a tomada da medicação, sendo indicada a ingestão o mais breve possível da relação sexual, não ultrapassando 72 horas, onde a efetividade tende a cair mais. A pílula de emergência pode inclusive trazer muitos efeitos colaterais, como náuseas, vômito, e desregulação das menstruações.
Para vocês terem uma ideia e perceberem que não é brincadeira, ao tomar a pílula do dia seguinte o corpo recebe uma alta carga de hormônios, algo em torno de 6 a 20 vezes mais do que o contraceptivo comum e isso provoca muitos efeitos e maiores são os riscos para a saúde da mulher, inclusive, pela altíssima quantidade de hormônios.
Estão disponíveis no mercado dois principais tipos dessa pílula de uso emergencial: o primeiro são dois comprimidos, que precisam ser tomados com 12 horas de intervalo. O segundo é em uma única dose, este considerado mais efetivo e com menos efeitos colaterais.
E como funciona a pílula do dia seguinte?
Se a mulher ainda não ovulou, a pílula inibe ou retarda a ovulação. Se a ovulação já ocorreu, ela age alterando o transporte dos espermatozoides e do óvulo pela trompa, ainda modifica o muco cervical, tornando-o mais espesso e hostil, dificultando a ascensão e migração espermática e interfere na ativação dos espermatozoides.
Ressalto novamente a gravidade do uso indiscriminado e repetido desse contraceptivo e alerto também para o perigo das doenças sexualmente transmissíveis sem o uso de camisinha por exemplo e para o altíssimo risco de uma gravidez indesejada sem o uso de contraceptivos corretos.
Estamos falando de correr o risco de uma gestação não planejada, e de prejudicar seriamente a saúde da mulher e com vida e saúde não se brinca!
Ref. Bibliográfica: Manual de Anticoncepção. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia/ FEBRASGO.
Dra. Amanda Santos Cerávolo (Ginecologia e Obstetrícia)