Envelhecer: que coisa mais estranha de acontecer a um jovem! – Quando ainda muito jovem, quase um menino, ganhei do meu amigo Samuel de Assis Toledo, médico e filósofo, o livro “O Banquete” contendo os Diálogos de Platão (428-348 a.C.). E o Samuel, com aquela sua voz de barítono, a recomendar enfático: “Leia este livro pelo menos umas três vezes; depois podemos conversar!” No meio de tantas guerras; uma delas, a mais feroz, entre judeus e palestinos, pretendo escrever apenas sobre vida, beleza e amor. – Há causas pelas quais vale a pena morrer, mas nenhuma pela qual valha a pena matar. Quando as palavras perdem o sentido, vence a força física; vence a imbecilidade! – Em “O Banquete”, Platão escreveu com clarividência: “Objetos bonitos têm uma função importante. Eles nos convidam a evoluir em sua direção, a nos tornarmos como eles são. A beleza pode educar a alma”. – Aos olhos de Platão, o amor é um tipo de educação: alguém não pode amar outro alguém, se não quiser ser aperfeiçoado por esse alguém. Segundo ele, o amor deveria se resumir a duas pessoas que tentam amadurecer juntas; uma ajudando a outra a crescer. Um bom relacionamento tem que significar que não vamos amar do jeito que cada um é ou quer ser. Acho que ninguém, antes de Platão, havia feito a pergunta fundamental: Por que gostamos das coisas bonitas? – E ele mesmo encontrou a resposta: “Porque reconhecemos nos objetos bonitos as qualidades de que precisamos ou que falta em nossa vida”.
Em resumo: As ideias de Platão são de profunda inteligência e, sobretudo, provocadoras. Ele quis que a Filosofia fosse uma ferramenta para nos ajudar a mudar o mundo. Mas, não há inteligência onde não pode haver mudanças; e nem necessidade delas. É isso.
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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