As mais importantes obras literárias de Arthur Miller (1915-2005) tratam de problemas sociais do Pós-Guerra (1939-1945). Ele acreditava que o drama tem uma função social e via o teatro como uma arena de discussão. Sua obra prima “A Morte do Caixeiro Viajante” retrata os efeitos de desumanização da cultura de consumo por meio da imolação do vendedor Willy Loman, personagem central da peça. Já em “As Bruxas de Salém”, que trata da caça às bruxas na Salém do Século XVII, é uma analogia da perseguição macartista da década de 1950. Em 1956, Arthur Miller é intimado a ir depor no “Comitê de Atividades Antiamericanas do Congresso”; e nele é acusado de desacato por recusar-se a delatar nomes. Sua bravura ante aquele infame comitê deu a ele um capital moral muito reconhecido. Em termos de qualidade, hoje em dia, o palco vira as costas para qualquer consideração sobre o poder em sua essência. É que quando uma peça questiona, chega a ameaçar o arranjo social do sistema estabelecido e sacode o “status quo”; isso, diga-se de passagem, quando o autor é de bom nível intelectual.
O renomado autor de teatro Luis Israel Febrot assim analisa “Depois da Queda”, peça autobiográfica de Arthur Miller: “Não há na peça nenhum desrespeito à atriz Marilyn Monroe, a penúltima esposa de Miller. Parece-nos expressão de respeito, um intelectual do porte dele, casar-se com uma vedete, cuja lembrança mais geral é ter sido a moça nua do calendário. Também amor, porque isso explica como um escritor assoberbado com a sua obra literária, consegue arranjar tempo para proteger a ex-esposa, vítima de perseguição sistemática”. Contudo, a infeliz Marilyn Monroe acaba se matando por ingestão cavalar de barbitúricos. – O ser humano não aguenta muita realidade; e o teatro é acidental em sua essência. – Parece muito com a vida!
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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