Como responder aos desafios políticos da democracia? O ambiente mundial vem mudando de maneira radical. Saímos do zoológico e entramos na selva. Sem concorrente comunista pela frente, o capitalismo se globaliza cada vez mais. E globalização é o nome de um sistema brutal de poder; estágio supremo do capitalismo. Não haverá uma nova ordem se permitirmos que os mais fortes intervenham segundo sua vontade, para depois nos depararmos com dilemas que prejudicam o direito e a segurança das pessoas. A política é algo mais do que um episódio eleitoral. É preciso elevar a sua participação; ampliar o acesso às comunicações e assegurar que as pessoas conheçam e reivindiquem os seus direitos. A política tem de ser um exercício diário de direitos e vigilâncias. Mais do que nunca – e embora não esteja em moda citar Hegel – a política tem uma tese: o direito; tem uma antítese: a ética; e tem uma síntese: legalidade e moralidade. O neoliberalismo, segundo Celso Furtado, é a doutrina que defende a absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção estatal sobre a economia. Ele é levado avante à “ferro-e-fogo” pelos idiotas das oportunidades (leia-se oportunistas) – E como se dá a construção ou o crescimento deles? – Se dá por meio do empobrecimento da linguagem (leia-se incapacidade de argumentar). Preocupa-me que a economia global incentive o livre movimento das coisas e proíba o livre movimento dos trabalhadores. Preocupa-me a volta dos piores sinais do fascismo: a xenofobia, a discriminação racial, o fundamentalismo religioso, a perseguição ao trabalhador migrante. – E preocupa-me, sobretudo, um mundo sem testemunhas. Deus está nas coincidências; o Diabo nos detalhes! – É isso.
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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