Populares denunciam supostas irregularidades e crimes praticados no Pronto Socorro de Guaxupé

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A CPI, Comissão Parlamentar de Inquérito, da Câmara Municipal de Guaxupé, promoveu no último dia 28 de novembro, a partir das 19h00, uma audiência pública para ouvir a população a respeito do atendimento no Pronto Socorro e na Santa Casa de Misericórdia daquela localidade.
O evento foi presidido pela vereadora Maria José Cirino Marcelino e ainda contou com a presença dos também vereadores: Danilo Martins de Oliveira, Donizeti Luciano dos Santos, Gustavo Vinícius de Paula, Leonardo Donizeti de Moraes, Marcelo Araújo Cunha, Marco Aurélio Sarrassine e Paulo Rogério Leite Ribeiro.
Embora as denúncias sejam extremamente graves, com a suspeita da ocorrência de crimes continuados, além de mau atendimento, ninguém fez menção à origem do problema e das possíveis soluções, ficando evidente o interesse político em detrimento de uma solução definitiva para um problema que vem se agravando dia-a-dia, durante anos. Para piorar ainda mais, o representante da Santa Casa, que estava presente quedou-se inerte diante de uma verdadeira enxurrada de denúncias de crimes.

 

CPI
A CPI iniciou seus trabalhos antes mesmo das eleições municipais e vem procedendo as investigações ao longo dos últimos meses, com previsão de conclusão no próximo dia 20.
Em virtude da complexidade do tema, a presidência da Câmara Municipal contratou a empresa AGIR Soluções em Saúde, para assessoria técnica dos membros da CPI.
Durante a audiência pública, 22 pessoas se pronunciaram apresentando uma verdadeira avalanche de denúncias extremamente graves, e da possível ocorrências de crimes por parte de alguns médicos e servidores do Pronto Socorro da Santa Casa, que vão de supostos erros médicos, omissão de socorro, cobrança indevida de equipamentos públicos até alimentação de acompanhantes de pacientes, entre outros.
Embora a sessão tenha sido gravada, a reportagem do jornal não vai divulgar os nomes dos denunciantes, até mesmo para evitar retaliações contra os mesmos.
Dos que se pronunciaram na tribuna, vários denunciaram que alguns médicos assumem os plantões do Pronto Socorro, abandonam o posto para dar assistência aos pacientes que se encontram internados e só depois de horas retornam ao Pronto Socorro para iniciarem o atendimento, assim os pacientes aguardam por quatro, cinco ou seis horas sem nenhuma medicação para aliviar suas dores.
Várias pessoas declararam que um determinado médico do Pronto Socorro, além ser muito bruto e mau educado, ainda dorme durante o período em que está de plantão, deixando os pacientes esperando por horas e quando retorna ao atendimento se apresenta de forma decomposta, “descabelado”.
Outras pessoas afirmaram que só conseguiram atendimento no Pronto Socorro após acionarem a Polícia Militar.
Também foi denunciado que vários pacientes vieram a óbito depois de esperarem, por horas, atendimento no Pronto Socorro e que ainda tiveram aqueles que foram atendidos, porém não receberam nenhuma medicação ou procedimento, o que, em tese, teria contribuído para o agravamento do estado de saúde que, culminou com a morte.
Uma mulher declarou que passou por uma cirurgia na Santa Casa, obteve alta hospitalar, porém seu estado de saúde se agravou, “os pontos abriram e infeccionaram”, que teria procurado pelo cirurgião que teria feito o procedimento, porém o mesmo teria se recusado de atende-la novamente, assim ela teve que procurar atendimento em Pouso Alegre.
Dentre as pessoas do público também se encontrava uma advogada, que explanou os problemas vividos pela avó da mesma. Disse que sua avó foi muito mal atendida por um neurologista e que o mesmo só mudou de atitude depois que a família informou que os procedimentos médicos iam ser pagos por eles, e, não, pelo SUS.
De forma categórica a advogada declarou: “pagando tudo fica diferente, colocam até tapete vermelho, porém cobram até o oxigênio que é gerado por equipamento público”. Finalmente ela indagou: “será que a gente tem que pagar para ter dignidade?”
Ela inda perguntou: “e os três milhões de reais destinados à ampliação do Pronto Socorro, onde foram parar? e os aparelhos que foram adquiridos com dinheiro público?
Encerrando a audiência pública, depois de quatro horas de denúncias graves, os vereadores, aproveitando a casa cheia, realizaram intermináveis discursos políticos, sem mencionar a raiz do problema.

 

OUTRO LADO

Origem do problema
Terminado o evento, a reportagem do jornal procurou o diretor administrativo da Santa Casa, Rafael Olinto, que também estava presente, para ouvir a versão do hospital denunciado.
Segundo Rafael, a disponibilização de consultas nas unidades básicas de saúde da prefeitura é muito aquém da demanda, fazendo com que os pacientes procurem o Pronto Socorro.
Do total de atendimentos no Pronto Socorro, 80% não caracterizam urgência e nem emergência, portanto estes casos poderiam ser resolvidos nas unidades básicas de saúde. Que em determinados dias, principalmente em finais de semana, são realizados 200 procedimentos no Pronto Socorro, porém aquela unidade de saúde não tem estrutura física e nem pessoal suficiente para atender um número tão elevado de pessoas. Isto acaba gerando um stress, tanto dos médicos, como do corpo de enfermagem e até mesmo das atendentes.
Como ele explica, se o atendimento se limitasse somente aos casos de urgência e emergência, o que daria em média 40 procedimentos diários, seria possível um melhor atendimento.
Outro problema apontado por ele é a baixa remuneração do SUS, que não cobre os custos dos procedimentos, assim o hospital tem que ir intercalando o atendimento particular, que dá lucro, para cobrir os prejuízos do SUS.
Ele ainda mencionou os problemas técnicos, principalmente com relação à descontaminação de instrumentos e de instalações; que depois de realizado um procedimento, uma sala cirúrgica, de curativos, entre outras dependências precisam passar por um procedimento técnico de descontaminação, ficando inativas por um determinado tempo, o que atrasa o atendimento e isto as pessoas leigas não entendem.

 

(Por Wilson Ferraz)

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