A palavra jeitinho é usada no diminutivo para revelar intimidade e simpatia. Segundo o antropólogo Roberto Da Mata, “do ponto de vista cultural, o jeitinho é considerado legítimo para resolver situações aparentemente insolúveis”. Esse jeitinho vai além das formas abstratas e universais, tornando as pessoas mais iguais. Sua concepção pode adquirir alguns significados básicos em função de seu emprego: favorecimento, apadrinhamento ou sinecura por parte de governantes, políticos, donos ou dirigentes de empresas, causando raiva naqueles que não conseguem obter os mesmos privilégios. Nesse sentido, o jeitinho é sempre visto como exemplo vergonhoso de uma exceção incabível. E a corrupção – ou roubo – é sempre o pior exemplo de jeitinho como forma de espoliação do patrimônio público ou privado pelas mãos de aproveitadores. O jeitinho pode ser visto como uma espécie de símbolo de esperança em circunstâncias onde a rigidez é a norma; e pode ser considerado, assim, como uma maneira de sobreviver ao cotidiano. E, dessa forma, leis, regras e normas que parecem absurdas passam a ser ignoradas. Em “Esaú e Jacó”, Machado de Assis constata: “A ocasião faz o roubo; o ladrão já nasce feito”. – É a capacidade de uma pessoa em desorganizar-se para organizar a sua torpeza ou o seu vilipêndio! – É isso.
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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