Sobre Sintomas Mórbidos

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Nada entendo de psicologia ou de psicanálise; tampouco de psiquiatria. Entretanto, segundo Jacques Lacan, psicanalista francês, a terapia tem como objetivo ajudar a identificar padrões de pensamento e de comportamento disfuncionais para poder superá-los. Ele enfatiza a importância da linguagem, da cultura e da sociedade no desenvolvimento da psiquê humana. “Somente as lições da realidade podem nos ensinar a mudar a realidade”, ensinou o dramaturgo alemão Bertold Brecht. E, é verdade, por viver um tempo de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, nada deve permanecer natural; nada pode parecer impossível de mudar, Não há crise que não possa ser superada! Segundo Antonio Gramsci, filósofo italiano, uma crise consiste no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece. De todas as desgraças que abateram este país, “abençoado por Deus e bonito por natureza”, a mais grave são os três séculos (300 anos!) de escravidão. Pela Casa Grande, o capataz; pela Senzala, apenas resignação! Mas, o que caracteriza essa sociedade brasileira? – É, nada menos, que as interpretações de Lacan e de Gramsci. E, ao citá-los, eu, também, me cito! Hoje em dia, quem teve a curiosidade de ler Machado de Assis, nosso melhor escritor, pode identificar as causas das nossas indigências, sobretudo as mentais: basta navegar pela Internet ou assistir aos noticiários de tv. É, por exemplo, o jovem economista que fez pós-doutorado em Harvard ou na Sorbonne, com bolsa paga pela Viuva (leia-se governo) e retorna ao país para ganhar dinheiro no mercado financeiro. Tal indivíduo muito esperto, mas incapaz de formular uma frase com sujeito, verbo e predicado, não serve para nada, a não ser ficar registrando seus créditos acadêmicos no Currículo Lattes! Outros tantos personagens reais, de hoje em dia, são contemporâneos de Brás Cubas (Memórias Póstumas) ou da infeliz Conceição (Missa do Galo). – Sintomas mórbidos identificados por Gramsci!

 

Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.

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