Uma jornada através de gerações, o documentário “Bença” é um resgate da música ararense, que teve a estreia nos dias 21 e 22 de fevereiro. O filme resgata a viola, a música caipira, reverencia os seus mais velhos e abre espaço para os mais novos. A partir de uma pesquisa rica, ampla e profunda, é um filme sobre música feito por músicos. Os jovens ararenses Caio Zan e Felipe Custódio tiveram a ideia de contar essa história, assinaram o argumento para o roteiro e partiram para a produção. São músicos, cada qual com o seu trabalho, que em algum momento da caminhada se depararam com a riqueza da cultura popular e a grande influência da música caipira na construção da identidade da população de Araras.
A proposta foi contemplada pela Lei Paulo Gustavo de incentivo ao audiovisual, o que permitiu a formação de uma equipe composta por profissionais especializados em cada segmento. Isso fez toda a diferença na qualidade final do documentário, e que pode ser comprovada no dia da pré-estreia. A direção é de Lenon Oliveira, jovem do Noroeste Paulista, região também com forte presença da cultura caipira. Emprestou o seu talento e sensibilidade para tornar BENÇA, além de um registro histórico, um atestado de respeito aos artistas que contribuem para a manutenção de um estilo musical.
BENÇA é também um sinal de alerta para um universo ameaçado, com o avanço das cidades sobre o mundo rural, modificando a paisagem, o vocabulário e os valores da sua gente. BENÇA resgata duplas antigas, como é o caso de Nico e Noco, que fez a passagem dos séculos XX e XXI tocando e cantando a música caipira de raiz. O documentário traz depoimentos de seu Nico, que “viajou fora do combinado” e nos deixou no final do ano passado. Relatos da dupla Nico e Noco vão pontuando impressões, estilos e expressões da saga da música caipira em Araras. Dona Neuza Maria traz um depoimento importante sobre o tempo em que não existia emissora de Rádio em Araras e um serviço de autofalantes era o veículo de comunicação e entretenimento na cidade. Ela resgata a dupla Cascatinha e Inhana, cantora ararense de nascimento e que se tornou sucesso internacional. BENÇA traz também a memória do Trio Canoeiro, Zé Canoeiro e seu programa na Rádio Clube Ararense.
Os Festivais nos anos 1970 e 1980 que revelaram grandes compositores e músicos da música sertaneja é um capítulo à parte, com depoimentos dos irmãos Ademir e Airton Torrezan, de Jorge Viola e Luciano Silva. As novas gerações de violeiros como Vitor Quevedo e Renato Strada fazem do aprimoramento técnico nos ponteios e acordes da viola caipira, uma reverência aos Mestres do passado.
A qualidade técnica do documentário é indiscutível. Para quem assiste, o canto dos passarinhos, captado pelos microfones durante a gravação dos depoimentos, parece até que está na partitura da trilha sonora.
Pequenos trechos do documentário podem ser vistos na página do Instagram da equipe: @zan.caio e @harmonicafelipe Ficha técnica: Direção geral: Lenon Oliveira Direção de arte: Flor de Liz Direção de som: Caio Zan Direção de fotografia: Carlos Lenine Argumento: Felipe Custódio e Caio Z.