“Falar do amor das mulheres pelos tolos, não é arriscar tê-las por inimigas?” – Foi a pergunta que Machado de Assis (1839-1908) fez quando publicou em 1861 – aos 22 anos – esse conto. Na verdade, Machado atribuiu a um tal Victor Henaux a autoria do conto escrito em um correto francês “L’Amour des Femmes pour les Sots”. O tema discute o que determina as mulheres na escolha de um marido ou de um parceiro. Algumas delas escolhem com pleno reconhecimento do que fazer. Comparam, examinam, e só decidem depois de verificar neles a característica da tolice. A escrita de Machado de Assis adota a estratégia delas: é oblíqua e dissimulada, mas sabe muito bem o que quer; onde pretende chegar. Machado distingue a tolice adquirida da tolice inata e conclui que os tolos mais bem-sucedidos são aqueles a quem o bom dinheiro, a boa posição social, leva à prática da mediocridade. Já o “homem de espírito” é dedicado, trabalhador, tímido, educado e generoso. É aquele que sempre “enfia a mão no bolso”, isto é: aquele que sempre paga as contas! Não cansa a mulher amada com sua presença insistente e nem a bombardeia com declarações de amor. O tolo, por outro lado, tem o sangue frio. É audacioso, “um chega junto”. “Enche a bola dela” com elogios; e chega a ser um serviçal!
E aqui vai uma indagação: Como se comporta a mulher brasileira nestes tempos de distorção de sentimentos; de uma sociedade cada vez mais de espetáculo, de imagem, de autopromoção e falsificação da vida? – Com a palavra mulheres e homens!
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Escritor.
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